O consórcio português "Mala Segura", que desenvolveu uma "mala inteligente" com um sistema inovador de localização, apresenta em Outubro à Associação Mundial de Transporte Aéreo (IATA) uma solução desenvolvida do projecto que espera vir a ser implementada mundialmente.
Segundo adiantou à agência Lusa Bruno Pereira da Silva, da comissão executiva do consórcio, a IATA ficou "impressionada com a 'mala inteligente' portuguesa" -- apresentada em finais de Março na reunião anual da IATA Baggage Working Group -- e "deu sinal positivo para a apresentação de um plano de estudo alargado na próxima reunião, a realizar em Outubro".
Conforme explicou, o projecto português "foi apresentado como sendo uma nova visão da implementação de RFID ['radio frequency identificator'] em bagagens", numa altura em que a IATA equaciona "abandonar formalmente a tendência de generalização de RFID nas bagagens no sector da aviação, devido aos custos elevados inerentes à solução de etiqueta RFID descartável".
Segundo destaca, a tecnologia "representou uma surpresa e admiração para as companhias aéreas e para os aeroportos mundiais, dada a inovação apresentada mas, principalmente, o seu estado avançado de implementação".
Neste sentido, a IATA propôs ao consórcio nacional que, na próxima reunião da 'Baggage Working Group', apresentasse "um plano de estudo alargado da solução", envolvendo já a participação da indústria das malas e das companhias aéreas.
Conforme salienta Bruno Pereira da Silva, o 'Mala Segura' permitiu "que a IATA não abandonasse o projecto de generalização de RFID nas bagagens, prolongando-se o seu estudo de viabilidade".
O projecto da "mala inteligente" foi desenvolvido pela ANA (Aeroportos de Portugal), SETSA (Sociedade de Engenharia e Transformação), Critical Software, Tecmic (Tecnologias de Microeletrónica), Inov -- Inesc Inovação e PIEP (Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros) e recorre às tecnologias RFID, WSN ('wireless sensor network') e GPS/GSM ('global positioning system') para garantir a localização e rastreamento de malas "em permanência e a nível global, tanto em ambientes fechados como em espaços abertos".
O grande objectivo é evitar o extravio das malas nos aeroportos, segmento que pode significar 90 a 95 por cento do mercado, mas a tecnologia pode ser usada também no transporte marítimo, ferroviário ou rodoviário.
O projecto implicou um investimento de 2,5 milhões de euros, 1,5 milhões dos quais cofinanciados pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), e foi desenvolvido ao longo de 30 meses.
Segundo dados dos promotores, em 2009 ter-se-ão extraviado 10 mil bagagens por dia nos aeroportos da União Europeia e 90 mil a nível mundial, o que significa 600 mil por semana e três milhões por mês.
A tecnologia do 'Mala Segura' consiste "numa espécie de etiqueta embutida nas paredes da mala, contendo informação padronizada sobre o passageiro", aliando as tecnologias WSN e GPS/GSM à já utilizada RFID, para "tornar o sistema menos sensível à ocorrência de erros".