25 de junho de 2010

24 de junho de 2010

19 de junho de 2010

Lido no Público : Filme "Embargo", a partir de conto de Saramago, deve ser editado em Setembro

António Ferreira, realizador de "Respirar Debaixo de Água", transformou o conto de "Objecto Quase" numa "espécie de Mad Max à portuguesa." "Embargo" teve antestreia no Fantasporto, em Março, e tem edição prevista para Setembro.

Será a terceira adaptação de José Saramago ao cinema, depois de “Jangada de Pedra”, de Georges Sluizer (2000), e “Ensaio Sobre a Cegueira” (2008), de Fernando Meirelles. “Embargo”, de António Ferreira, teve antestreia no Fantasporto em Março deste ano e, se se mantiver o plano de lançamento depois da morte de Saramago, será estreado em sala a 30 de Setembro deste ano.

Em declarações ao site Iol.pt, o realizador, perturbardo pela notícia da morte do escritor português, adiantou que irá falar com os distribuidores para saber se se justifica antecipar a estreia.

“Embargo” adapta o conto homónimo, incluído em “Objecto Quase” (1978), escrito por Saramago no contexto da crise petrolífera de 1973, desencadeada pelo conflito israelo-árabe do Yom Kippur. Em entrevista ao Ípsilon em Fevereiro, o realizador conimbricense explicou que aos 23 anos, caloiro na Escola de Cinema em Lisboa e fascinado com a leitura de “Evangelho Segundo Jesus Cristo”, procurou tudo o que conseguisse encontrar de José Saramago. Em “Embargo” encontrou um texto em que se manifestava fortemente o “cinema” que Ferreira vê no autor de “Levantado do Chão”: “Sempre achei que o Saramago tem uma escrita muito cinematográfica, os seus livros provocam-nos imagens muito fortes”, declarou na entrevista supracitada.

Um impulso inicial para o filmar enquanto curta foi seguido e abandonado ainda na década de 1990. Passada mais de uma década, já depois de António Ferreira ter filmado “Respirar (Debaixo de Água)”, a sua estreia em longa-metragem, “Humanos – A Vida em Variações” (2006) e “Deus Não Quis” (2007), regressou ao projecto. Ferreira vê o conto como “uma metáfora da nossa sociedade, da nossa dependência das máquinas”, e recordou como a crise criada pelo bloqueio dos camionistas, em 2008, lhe provou a sua actualidade. “Em tão poucos dias, por causa de um bloqueio decidido por um grupo de pessoas, a nossa sociedade pareceu desmoronar-se. [...] Era uma espécie de aviso. De um momento para o outro, tudo o que temos por seguro pode desmoronar-se.”

Sem intervenção de Saramago durante todo o processo e descrito como “uma espécie de Mad Max à portuguesa”, “Embargo” é uma produção da ZED Filmes e tem como protagonista Filipe Costa, actor que é também teclista dos Sean Riley & The Slowriders.

Lido no Público : Maestrina Joana Carneiro distinguida com prémio nos Estados Unidos


A maestrina Joana Carneiro, directora musical da Berkeley Simphony, nos Estados Unidos, recebeu o prémio Helen M. Thompson, pelo seu “talento excepcional”, mostrando-se “muito comovida” com a distinção, por ter sido atribuída “ao fim de tão pouco tempo”.

Em comunicado, a Liga das Orquestras Americanas, que atribuiu esta distinção, refere que o prémio “reconhece o empenho de Joana Carneiro em alargar a comunidade base da Berkeley Simphony e a tradição da orquestra, ao apresentar trabalhos de compositores do nosso tempo”.

Contactada pela Lusa, Joana Carneiro mostrou-se comovida com a distinção e empenhada em continuar o trabalho que tem desenvolvido: “É um prémio que me comove muito porque foi atribuído ao fim de muito pouco tempo à frente de uma orquestra americana e é um grande incentivo para nós continuarmos e continuarmos a sonhar muito alto em Berkeley.”

Questionada sobre se pretende regressar a Portugal, a maestrina portuguesa, de 33 anos, disse que, tendo em conta a actividade a que se dedica, isso é “impossível”, mas disse estar muito ligada à música portuguesa, através da Orquestra da Gulbenkian. “Penso que a minha actividade artística está dividida de uma forma ideal neste momento: tenho a minha orquestra na Califórnia, onde passo entre oito a dez semanas por ano, trabalho com a Orquestra Gulbenkian, onde sou maestrina assistente, e viajo pelo mundo. Neste momento, penso que é o equilíbrio perfeito na minha vida artística”, afirmou.

No comunicado da Liga das Orquestras Americanas, a instituição sublinha que “em apenas uma época, o talento excepcional de Joana Carneiro inspirou os músicos da Berkeley Simphony e aumentou a qualidade do seu desempenho”.

A nota destaca ainda o facto de a maestrina portuguesa ter conseguido estabelecer “novas relações organizacionais e ligações mais profundas com o público”. “A resposta do público à liderança de Joana Carneiro pode ser medida pela taxa recorde de inscrições na orquestra na sua primeira temporada”, acrescenta o documento.

A maestrina portuguesa tornou-se diretora musical da Berkeley Simphony no início da temporada de 2009-2010.

O prémio Helen M. Thompson foi criado em 1981 para celebrar a vida e a obra de Helen M. Thompson, que promoveu a orquestra sinfónica nos Estados Unidos.

Saramago : luto nacional dias 19 e 20 de Junho de 2010

Em comunicado oficial, o Governo declara luto nacional por dois dias “como forma de expressão de pesar pela morte do escritor José de Sousa Saramago”.

“José Saramago foi o autor português contemporâneo mais traduzido, com livros editados em todo o mundo, tendo recebido vários prémios literários e graus honoríficos, nacionais e internacionais, entre os quais o prémio Camões, em 1995, e o prémio Nobel da Literatura, em 1998”, aponta o executivo.

O Governo refere também que José Saramago é considerado “o principal responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa”, tendo sido “romancista, poeta, dramaturgo, cronista, crítico literário, tradutor, jornalista e cidadão de reconhecida consciência política e cívica”.

“A singularidade a sua criação literária e a sua vasta obra enobrecem a língua e a cultura portuguesa”, diz ainda o comunicado.

“Assim, em expressão de justa homenagem, entende o Governo declarar o luto nacional nos dias 19 e 20 de Junho de 2010”, acrescenta o comunicado da reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

O Caderno : blogue de Saramago (notícia publicada no Público a 26 de Junho de 2009)

"Bem sei que no mesmo tempo outros escreveriam uns dez", disse ontem o escritor, fazendo o elogio da qualidade em detrimento da quantidade.

Desejos: que a sua descrição, "a página infinita da Internet", pegue; mas também que, um dia, a publicação das suas obras completas contenha pelo menos um volume de cartas dos seus leitores. É que algumas fizeram-no chorar. "A mim, chorar", sublinhou.

Definição de blogue: entre outras coisas, "uma espécie de pudim instantâneo", ou "nada do outro mundo".

Mas o próximo grande post de Saramago, ou melhor, o seu próximo romance, está para breve. O sucessor de A Viagem do Elefante (2008) já está nas mãos do editor, revelou o autor.

Que ainda não está já a trabalhar num novo livro. "Mas gostava." Ontem, numa sala de um hotel em Lisboa, em directo para a Internet e frente a mais de uma centena de pessoas de todas as idades - muitos jovens, mas sem os computadores que o Sapo convidava a estarem presentes, amigos e leitores de longa data -, José Saramago deu por si num fórum monotemático.

A apresentação do seu novo livro, O Caderno, transposição para o papel do seu blogue através da Caminho/Leya, serviu para responder a perguntas e para conversar, inevitavelmente, sobre os temas blogue e Internet.

Um blogue, essa palavra aceite "de maneira automática, acrítica", "é simplesmente a oportunidade de as pessoas escreverem na página infinita da Internet - uma definição belíssima que ninguém apanhou", recordou sobre um seu post de Novembro de 2008.

Já se sabe que foi a sua mulher, Pilar del Rio, que o converteu à liça dos blogues. Mas continua desconfortável com a sua nova categoria. "Bloguista...tem um ar insultuoso." "Você é bloguista!", atira. "Blogueiro também não melhora nada...", suspira.

Emprestado à Internet o Prémio Nobel da Literatura 1998 espanta-se ainda com as questões em torno da sua entrada na blogosfera.

"É proibido a gente que tem 86 anos escrever num blogue? Não. É caso para surpresa? Estou a fazer o que faço há anos - escrever." Escreve no computador, sejam livros sejam posts, e já não escreve uma carta com caneta "há uma quantidade de anos". Não lê os blogues dos outros, admite, e não é um membro tradicional da tribo 2.0.

No seu blogue, não recomenda ou faz ligações com outros blogues. E muito menos vai entrar em diálogo com o bloguista do lado. "Eu estou emprestado à Internet" e trocar galhardetes está fora de questão. "Primeiro, sou muito individualista - o meu é meu e não é de mais ninguém.

Entrar numa espécie de conversa de compadres não me atrai nada!" Na apresentação high-tech, os leitores não entraram em directo via Internet para fazer perguntas ao autor, e houve apenas tempo para três perguntas de admiradores, das mais de 200 que nos últimos dois dias foram recebidas pelo Sapo. Uma delas fez Saramago defender os direitos autorais, o objecto livro e insurgir-se contra a pirataria e as suas principais vítimas, os músicos. E ainda que Saramago não tenha mostrado grande simpatia pelo livro electrónico, Pilar del Rio revelou que o autor assinou um contrato para os EUA que inclui já a publicação em e-book.

Dois milhões de visitas

Saramago não se deixa impressionar com os dois milhões de visitas ao seu blogue mas já percebeu, pela reacção forte a um post mais intimista, sobre um relógio oferecido por um amigo, "que as pessoas não querem só assuntos sérios". Os seus leitores não querem só ver Saramago a falar de política internacional ou de literatura, a elogiar Baltasar Garzón ou a avisar Obama. Os leitores de Saramago online querem sentir-se mais perto dele, lá em Lanzarote, no seu regime diário de posts e de duas novas páginas de romance por dia.

Mas Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano que há muito o incomoda, é assunto inesgotável. A editora Einaudi recusou publicar O Caderno pelos ataques ao Cavaliere, "homem burlesco", e isso não o surpreendeu.

Outra editora o vai receber, em Setembro, em Itália, e o capítulo Einaudi, propriedade de Berlusconi, está encerrado.

E não, José Saramago não quer ser seu amigo no Facebook. Internet, ma non troppo. "Agora há essa coisa que se chama Facebook. Já me convidaram, a minha neta disse-me que devíamos lá estar. Mas [a rede social] tem um inconveniente - há que fugir dos grupos. O grupo é autoritário, impõe regras." O escritor não quer, decididamente, "ir atrás da banda só porque ela vai a tocar".

Com a esperança que o blogue ainda continue acessível : O Caderno

17 de junho de 2010

Lido no Público : Portugal quer exportar mais música

Chama-se Portuguese Music Export o projecto que representantes da GDA (cooperativa de Gestão dos Direitos dos Artistas) e da SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) apresentaram ontem, em audiência, ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. A ideia é criar um organismo que garanta a exportação e internacionalização da música portuguesa - "como já existe na maioria dos países europeus", sublinhou em declarações ao PÚBLICO Pedro Wallenstein, presidente da GDA.

A iniciativa parte das duas associações de gestão de direitos de autor, que já a apresentaram aos ministérios da Cultura e Economia e dos Negócios Estrangeiros, e despertou o interesse de Cavaco Silva, que no seu discurso no 25 de Abril defendeu a necessidade de apostar nas indústrias criativas como uma das vias de saída para a crise.

"Este modelo existe na maior parte dos países europeus e é financiado integralmente pelo orçamento de Estado", explicou ao PÚBLICO Tiago Faden, consultor para o projecto. O que a SPA e a GDA propõem para Portugal é um modelo misto, com algum apoio do Estado (sem esse envolvimento "o projecto não será viável", alertam), mas também financiamento das duas organizações de gestão dos direitos de autor, e ainda a captação de fundos europeus. "Temos tido a noção de que é preciso reinvestir parte dos direitos na própria actividade criativa", explica o responsável da GDA.

Orçamento de meio milhão

Que o modelo resulta, Wallenstein e Faden não têm dúvidas. "O gabinete francês foi criado há 20 anos e hoje tem sete escritórios espalhados pelo mundo, do Rio de Janeiro a Tóquio", diz Faden. Também os países nórdicos apostaram nesta via. A Noruega, por exemplo, criou em 2000 o Music Export Norway, e em 2008 abriu uma delegação em Londres. Espanha e Itália "estão a organizar-se nesse sentido". E existe ainda um European Music Office, uma organização-mãe a nível europeu.

O que a GDA e a SPA propõem é um organismo - com um orçamento anual de meio milhão de euros - que promova a exportação da música portuguesa apoiando digressões internacionais, a participação dos músicos em feiras, eventos e prémios, e a produção de conteúdos internacionais, nomeadamente vídeos. Um trabalho, diz Wallenstein, que pode, e deve, ser feito em coordenação com o AICEP (Agência para o Financiamento e Comércio Externo de Portugal, do Ministério da Economia).

Segundo um estudo da SPA e da GDA, os concertos de música portuguesa no estrangeiro (41 por cento dos quais são de fado) aumentaram de 400 em 2006 para mais de 600 em 2007, tendo sofrido uma quebra de cinco por cento em 2008 e outra maior (mas ainda por quantificar; prevê-se que superior a 15 por cento) em 2009 (sobretudo em Espanha e no Benelux, que representam quase 50 por cento do total de espectáculos). O estudo conclui também que há uma "fraca penetração em três dos principais mercados mundiais: EUA, Inglaterra e Alemanha". "O mercado CPLP é residual e inexplorado."

Luso Jornal nº 261 de 16 de Junho

16 de junho de 2010

Crónicas Portuguesas de Georges Dussaud

Como está tão bem dito no site da livraria Almedina : "as reportagens internacionais de Georges Dussaud, desde 1975 — Grécia, Portugal, Irlanda, Índia, Cuba, França — tornaram conhecidas as suas imagens daquele humanismo fotográfico tardio que a Magnum soube realizar e recolher e que revela na Agência RAPHO, de Paris, a que pertence desde 1986. São fotografias de um fotógrafo flâneur, viajante e vagabundo da fotografia directa mas profundamente subjectiva e, naturalmente a preto e branco. Fixou em Portugal a paisagem e os homens no seu modo peculiar, (que já foi comparado a Koudelka), onde cada imagem é enquadrada com o que a cultura do olhar sugere ao fotógrafo, geometrizante, dinâmica ou estática, emotivamente centrada na estranheza dos lugares e das expressões".

Todos podem consultar o site deste grande fotógrafo www.dussaud-g.fr e verificar a extrêma humanidade do seu olhar.

15 de junho de 2010

Lido no Público : Investigadora portuguesa recebe prémio internacional por trabalhos na Antárctida


A investigadora Vanessa Batista, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, foi premiada na maior conferência internacional sobre ciência polar, que decorreu no início do mês em Oslo, pelo seu trabalho sobre o permafrost, o solo permanentemente gelado, na Antárctida.

Vanessa Batista recebeu a distinção “Outstanding Presentation for Early Career Scientists”, na categoria “Mudanças passadas, presentes e futures nas regiões polares”, informou o Comité Polar Português. A investigadora foi um dos 12 jovens cientistas seleccionados de um total de 750.

“Este prémio vem reconhecer a importância do trabalho de Vanessa Batista realizado na ilha Deception na Antárctida Marítima, sobre os factores que controlam a camada activa do permafrost, a nível espacial e temporal”, justifica o Comité português.

A investigação de Batista, que contou com o apoio de colegas espanhóis e argentinos, pretendeu compreender as influências da altitude e de outros factores na espessura das camadas de gelo naquela ilha vulcânica. Para isso foram instaladas estações de medição da espessura do permafrost a várias altitudes e as observações decorreram durante os Verões na Antárctida de 2009 e 2010.

O prémio foi atribuído durante a maior conferência polar de sempre (de 8 a 12 de Junho), onde participaram 2300 cientistas de todo o mundo, para apresentar os primeiros resultados do Ano Polar Internacional (2007-2009). Portugal esteve representado por onze investigadores de várias instituições.

Gonçalo Vieira, do Comité Português para o Ano Polar Internacional, explicou ao PÚBLICO que, durante o Ano Polar, “houve áreas em que se avançou bastante”, como o conhecimento da quantidade de carbono armazenado no permafrost do Árctico e o estudo do mar gelado no Antárctico e no Árctico e nas suas reacções em cenários de aquecimento global. Além disso, “pela primeira vez, houve uma interacção muito forte entre as ciências sociais e as outras ciências, bem como com os povos do Árctico. Este esforço ajudou a conhecer muito melhor os problemas destes povos e também aspectos relacionados com mudanças ambientais difíceis de quantificar”, considerou.

Oceano austral e permafrost entre as maiores contribuições portuguesas

O Ano Polar Internacional ajudou a promover a investigação portuguesa nestas regiões. Desde a aprovação do Programa Polar Português, em Dezembro de 2007, dezenas de cientistas têm contribuído para aumentar o conhecimento polar. Entre as áreas com maiores contribuições portuguesas estão o estudo do ecossistema do Oceano Austral e o estudo do permafrost antárctico, referiu.

Acima de tudo, Gonçalo Vieira considera que o Ano Polar Internacional “fez com que a comunidade se unisse. Dinamizaram-se muitíssimas colaborações internacionais nos dois pólos” e “ofereceram-se bolsas para formação de jovens investigadores”, ajudando a atrair investigadores para as regiões polares.

Agora, no final da iniciativa, o investigador considera importante não perder o “momentum” e conseguir “potenciar o investimento, em especial aquele que foi feito ao nível das redes de monitorização e de recursos humanos”. “Em Portugal, por exemplo, conseguimos criar massa crítica e ampliar muito o interesse pela ciência polar; agora é necessário, de forma sustentada, estruturar um programa polar sólido que permita manter as equipas que se enquadraram muito bem em grupos multinacionais, e que são competitivas, a trabalhar de forma continuada”. Neste âmbito está a ser criada uma plataforma inovadora de partilha de dados polares, a Polar Information Commons, para arquivar e partilhar dados de investigação.

Águas balneares portuguesas mantêm qualidade elevada


A qualidade das águas balneares portuguesas permaneceu elevada em 2009, com mais de 98% das zonas costeiras a cumprir as normas mínimas europeias mais rigorosas, de acordo com um relatório da União Europeia. Em Portugal houve 540 zonas balneares recenseadas em 2009.

Lido no Público : As míticas Tapeçarias de Pastrana estão em Lisboa



D. Afonso V não pôde levar consigo repórteres de imagem quando tomou Arzila e Tânger. Não houve reportagens em directo, relatos ao vivo por jornalistas a falar para as câmaras enquanto, ao fundo, as tropas cercavam as cidades do Norte de África e venciam batalhas. Estávamos no final do século XV e a forma mais aproximada que o rei português tinha de registar os seus feitos era mandá-los tecer em tapeçarias. Foi o que fez.

Agora, pela primeira vez, as quatro Tapeçarias de Pastrana encomendadas por D. Afonso V - enormes panos de armar com quatro metros de altura e 10 de largura - podem ser vistas (até 12 de Setembro) no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). D. Afonso V e a Invenção da Glória é inaugurada hoje na presença das ministras da Cultura de Portugal e de Espanha, Gabriela Canavilhas e Ángeles Gonzáles-Sinde. Desde o século XVI que as tapeçarias - agora completamente restauradas, num processo conduzido pela fundação espanhola Carlos de Amberes - não estavam reunidas em Portugal.

Como é que os quatro panos saíram do país é um mistério ao qual os historiadores não conseguiram ainda responder. "É muito misterioso", diz o director do MNAA, António Filipe Pimentel. Produzidas nas oficinas flamengas de Tournai no último quartel do século XV, "entrarão em Portugal provavelmente já no reinado de D. João II, e em 1532, poucas décadas depois de terem sido feitas, aparecem em Espanha, no inventário dos bens dos duques do Infantado". Como foram lá parar, ninguém sabe.

O que se sabe é que foram herdadas pelos duques do Infantado, que mais tarde as cedem à Colegiada de Pastrana, onde ficaram desde então. O mundo esqueceu-as. Até que, no início do século XX, os historiadores de arte portugueses José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos as "encontraram" em Pastrana.

"Durante o período da ditadura, Salazar tentou recuperá-las", contou ontem, numa conferência de imprensa no MNAA, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle. Mas conseguiu-se apenas, na década de 1930, fazer cópias, que estão no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães. É por isso que a exposição que o MNAA agora apresenta é considerada de extrema importância - resulta de uma colaboração com Espanha (e coincide com o 25.º aniversário do tratado de adesão de Portugal e Espanha à União Europeia).

Por detrás dos participantes na conferência de imprensa está uma das enormes tapeçarias - a que conta a tomada de Tânger e a única em que D. Afonso V não aparece. Ao fundo vê-se Arzila, já conquistada, as tropas portuguesas avançam pelo lado esquerdo em direcção a Tânger, que, no meio do pano, se mostra já deserta. Os seus habitantes, esses estão à nossa direita, saindo da cidade. "O sultão de Tânger estava ocupado com o ataque a Fez quando as tropas portuguesas se dirigiam para a cidade", explica António Pimentel. "Negoceia a rendição e os habitantes abandonam a cidade. É uma ocupação, não uma conquista, e por isso o rei abstém-se de se associar explicitamente a este episódio."

Imagem para a posteridade

Nas três outras tapeçarias - que contam o Desembarque, o Cerco e o Assalto a Arzila - o rei aparece identificado pelo seu estandarte, um rodízio que asperge gotas, e pela mais bela das armaduras e os mais ricos panos brocados. As tapeçarias (duas das quais foram cortadas em baixo) lêem-se como uma banda desenhada - ou, como dizia Miguel Angel Aguilar, presidente da Fundação Carlos de Amberes, como uma "reportagem de actualidade".

No Desembarque assistimos ao precipitar das tropas que enfrentam um mar agitado, seguindo o rei, que avançara primeiro para dar o exemplo. Mas alguns homens têm menos sorte do que o monarca e acabam por morrer afogados.

Na tapeçaria sobre o cerco, Arzila, com os seus telhados de telhas e as suas torres, parece uma cidade do Norte da Europa. Ao longe a frota portuguesa impressiona. Do lado esquerdo, o príncipe, do direito, o rei, a toda a volta os soldados, dezenas de rostos, de armaduras de pormenores (estes só se vêem verdadeiramente no pequeno filme de Catarina Mourão que passa numa sala lateral).

Por fim, o assalto. Reza a história que o alcaide de Arzila tentou render-se, mas o rumor de que a cidade já teria caído levou as tropas a avançar. A tapeçaria - como se fizesse um zoom à imagem do cerco - mostra a batalha e a vitória portuguesa.

Quando encontrou as tapeçarias em Pastrana, Reynaldo dos Santos colocou a hipótese de os cartões que lhes serviram de base serem da autoria de Nuno Gonçalves, o pintor a quem são atribuídos os Painéis de São Vicente. Essa hipótese foi entretanto afastada, mas, frisa António Filipe Pimentel, mostrar as tapeçarias ao lado dos painéis - algo que só é possível em Lisboa, porque os painéis não podem sair do museu (as tapeçarias estiveram anteriormente expostas em Bruxelas e Guadalajara, seguem depois para Toledo e Madrid e deverão estar em Guimarães em 2012) - é acrescentar novas leituras a esta história.

É por isso que a exposição se chama D. Afonso V e a Invenção da Glória. "Julga-se que terá sido após a [derrota na] batalha de Toro [1476], na altura em que D. Afonso V se retira para o convento do Varatojo, que encomenda este testamento político." Um gesto que faz dele muito mais do que um rei cavaleiro preocupado com conquistas, mas um homem já preocupado com a imagem que deixaria para as gerações futuras, "orientando a visão que a posteridade terá dele".

Para completar essa imagem o MNAA junta as (poucas) peças que, de uma forma ou outra, representam o rei: para além dos painéis, um retrato de figura equestre numa iluminura de um manuscrito do século XV pertencente à Biblioteca Nacional de França; outro retrato feito pelo cavaleiro Georg von Ehingen e que representa D. Afonso V com cerca de 25 anos (altura em que era, nas palavras de Von Ehingen, "um príncipe bonito e bem formado e o mais cristão, mais bélico e mais justo que alguma vez conheci"); uma chave de abóbada do Convento de São Francisco de Beja; e a cadeira vinda do Convento de Varatojo e que os frades sempre garantiram ter pertencido ao rei.

Para além das quatro tapeçarias, existem mais duas, também na posse da Colegiada de Pastrana. Resultam de uma encomenda separada que terá sido feita anos mais tarde e contam a campanha de Alcácer Ceguer, também realizada por D. Afonso V. "São muito menos conhecidas e nunca vieram a Portugal", sublinha o director do MNAA. "Restaurá-las e trazê-las a Lisboa ainda com a memória desta exposição viva seria o fecho da abóbada deste processo."

O objectivo é partilhado pelo presidente da Fundação Carlos de Amberes. Mas Miguel Angel Aguilar explica que o processo com a Colegiada nem sempre tem sido fácil. "Quando encontrámos as tapeçarias elas estavam em condições muito lamentáveis, metidas numa sacristia. Não penso que os proprietários [a Colegiada] tivessem consciência do seu valor e significado histórico."

O restauro - que custou 330 mil euros - implicou uma desinsectização (nomeadamente para acabar com as traças) e neste momento a fundação mantém as tapeçarias a circular em exposições porque só permitirá o seu regresso à Colegiada quando esta tiver também desinfestado as instalações.

Ao ouvir isto, o director do MNAA abriu um sorriso: o principal museu nacional está completamente disponível para "fornecer asilo político às tapeçarias o tempo que for necessário".

Lido no Público : Academia das Letras de Trás-os-Montes nasce para salvar identidade da região

“É uma forma de reafirmar as identidades que temos que são, no fundo, a nossa salvação.” Foi com este toque dramático que Amadeu Ferreira, dirigente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e desde há muito defensor da língua mirandesa, este sábado se referiu à Academia das Letras de Trás-os-Montes, na sessão que oficializou a sua criação, no Centro Cultural de Bragança.

Uma academia que, segundo o autarca de Bragança, Jorge Nunes, será apenas a segunda do género inscrita na Academia de Ciências de Lisboa e que, de acordo com Adriano Moreira, um dos seus fundadores, “nos momentos de crise o recurso às identidades aparece como fundamental”. Por isso, “esta academia inscreve-se nesta consciência de que esse é o facto”. “O que está em crise na Europa e em Portugal é o Estado e não a identidade. E são as identidades que precisam de ser defendidas porque são a pedra de base para a reorganização que precisamos”, sublinhou, no seu discurso.

Esta Academia junta escritores como Barroso da Fonte (Montalegre), Ernesto Rodrigues (Torre de D. Chama), Modesto Navarro (Vila Flor) ou Jorge Tuela (Vinhais), ou o jornalista Rogério Rodrigues (que esteve na equipa fundadora do PÚBLICO e é de Torre de Moncorvo), e inclui já parceiras com a Academia Galega da Língua Portuguesa, a Casa de Estudos Luso-Amazónicos (Brasil) e a Academia de Letras e Artes de Bragança do Pará (Brasil).

Este sábado foi constituída uma comissão instaladora, com cinco elementos - Alfredo Cameirão, Fernando Castro Branco, António Afonso, Idalina Brito e presidida por Amadeu Ferreira -, que se comprometeu a convocar a primeira Assembleia Geral para 5 de Outubro.

Amadeu Ferreira acredita que a missão deste grupo é “reunir homens e mulheres de letras de Trás-os-Montes, no sentido de se darem a conhecer, de resgatar a memória de tantos escritores e homens de letras e dá-los a conhecer, incentivar a produção literária sobre a temática transmontana, o nosso património imaterial e identidade”.

Mas não só. O presidente da Comissão Instaladora diz ser necessário “tornar presentes um conjunto de actividades, sobretudo em Bragança, que de algum modo possam dizer que existe uma actividade literária digna, e que tem coisas a dizer às pessoas e ao Mundo”.

Para já, a Academia ficará sediada em Bragança, até porque foi a autarquia a desenvolver a ideia e a dar o mote.

Mas no futuro pretende-se incluir membros de toda a região de Trás-os-Montes.

Nesta primeira reunião estiveram presentes cerca de três dezenas de escritores transmontanos.

Lido no Público : Siza Vieira galardoado com Prémio Cristóbal Gabarrón de Artes Plásticas 2010


O arquitecto português Álvaro Siza Vieira foi hoje galardoado com o Prémio Internacional de Artes Plásticas 2010 da Fundação Cristóbal Gabarrón, que quis distinguir “o magistério, a relevância internacional e a inspiração poética” da sua obra.

O júri do prémio destaca a defesa que Siza faz de uma arquitectura “transparente e respeitosa com o ambiente onde se enquadra”, elogiando a sua capacidade de desenvolver uma “poética comovedora dos edifícios, a partir do trabalho com espaços e luz”.

Prova disso, destaca, são o edifício da Universidade do País Basco, que estará terminado este ano, ou o Centro Meteorológico da Aldeia Olímpica de Barcelona (1992), o Centro Galego de Arte Contemporânea em Santiago de Compostela (1993), o edifício da Reitoria da Universidade de Alicante (1997) e o da Fundação Serralves (1999).

Ao prémio, que alcança este ano a nona edição, concorreram 31 candidaturas de vários países.

Este é o primeiro dos nove galardões atribuídos anualmente pela fundação que inclui ainda Artes Cénicas, Ciência e Investigação, Desporto, Economia, Letras, Pensamento e Humanidades, Restauração e Conservação e Trajectória Humana.

Em edições anteriores o galardão foi atribuído a nomes como James Rosenquist (2002), Peter Eisenman (2003), Sir Anthony Caro (2004), Richard Serra (2005), Yoko Ono (2006), Markus Lüpertz (2007), Martín Chirino (2008) e Jan Fabre (2009).

11 de junho de 2010

Lido no Libération : Gonçalves hérite du Centquatre

José Manuel Gonçalves a été élu hier directeur du CentQuatre, après un vote du conseil d’administration de cet établissement culturel de la ville de Paris (XIXe). L’animateur de la Ferme du buisson, à Marne-la-Vallée (Seine-et-Marne), préside aussi la société Made in productions et l’école de cirque de Rosny. Dans un communiqué, Bertrand Delanoë félicite celui qui défend un lieu «de créativité accessible à tous les publics, avec une programmation tournée vers toutes les disciplines». Gonçalves propose aussi des événements forains et jeunesse, des partenariats avec les théâtres de la Ville, du Rond-Point ou Monfort, les associations locales… Mais c’est un lieu en crise qu’il va devoir redresser, le collectif «le 104 occupé» ne manquera pas de lui faire des propositions sur le thème : «Un autre CentQuatre est possible.»

10 de Junho de 2010 em Nantes






Cerca de 150 convidados : entidades prefeitorais, regionais, departamentais e locais, membros do corpo diplomático, membros dos conselhos de geminação, presidentes das associações, jornalistas, professores, artistas, empresários e outras individualidades responderam presente e assistiram ao espectáculo proposto pelo grupo "Licor de Alma" durante cerca de 50 mn (www.myspace.com/licordealma). Foi uma descoberta para todos os presentes, que admiraram a voz e a presença cénica de Cláudia Brito, assim como a fusão e harmonia com os músicos.

Em directo da África do Sul, chegada da selecção nacional e fotos da alegria popular










Obrigada, Francisco. Graças às tuas fotografias, partilhámos estes momentos únicos.

6 de junho de 2010

2a. reunião do Conselho Consultivo da área consular de Nantes

Realizou-se dia 5 de Junho, a partir das 10h, a segunda reunião do conselho consultivo da área consular de Nantes.

Após a aprovação da acta da primeira reunião, foi feito o balanço da comemoração do dia 24 de Abril, francamente positivo considerando que era uma novidade, que o programa era intenso e variado, e que a comunidade respondeu presente. Ficou assente o princípio de organização de nova iniciativa para o ano 2011, sendo um dos pontos a abordar na próxima reunião do conselho consultivo.

De seguida, a Dra. Ana Maria de Brito apresentou um estudo sobre a situação actual do ensino do português no departamento 35 (Ille et Vilaine), com um panorama detalhado, baseado em dados oficiais facultados pelas autoridades francesas, sendo assim possível conhecer com certeza o nºs de alunos no ensino primário, secundário (tanto no ensino privado como úblico) e universitário assim como a sua distribuição (língua I, II ou III). Felicitada pelo seu trabalho, a Dra. Ana Maria de Brito vai continuar a colher os mesmos elementos para os restantes departamentos da área consular.

Foi igualmente descrito o processo que conduziu à criação da classe “bilangue” português-inglês em 6ème, no colégio Ernest Renan em St Herblain já para Setembro 2010.

Por último e a fim de responder a inúmeros pedidos, o Vice-Consulado vai abrir, nas suas instalações, uma aula de português para adultos principiantes, limitada a 10 pessoas, a partir de sexta-feira, dia 24 de Setembro de 2010.

Após o departamento 35 – Ille et Vilaine, em Abril e o departamento 85 – Vendée em Maio, o próximo encontro com a comunidade realizar-se-à em Setembro no departamento 49 – Maine et Loire.

A próxima reunião do conselho consultivo foi agendada para sábado, dia 2 de Outubro de 2010.

Divorces binationaux : 14 pays autorisés à s'unir en coopération renforcée

Tribune de Genève (04.06.2010 19:57) - Quatorze pays de l'Union européenne ont été autorisés vendredi à lancer une coopération renforcée pour faciliter les procédures de divorces des couples binationaux, une première dans l'histoire de l'Union européenne, a annoncé la présidence espagnole de l'UE.

Leurs partenaires ont donné leur aval au cours d'une réunion de leurs ministres de la Justice et après avoir obtenu un premier feu vert de la Commission justice du Parlement européen. Les eurodéputés devront confirmer cette autorisation au cours d'un vote en plénière en juillet.

Les 14 adhérents à cette coopération renforcée sont : Roumanie, Hongrie, Autriche, Espagne, Italie, Slovénie, Luxembourg, Bulgarie, France, Allemagne, Belgique, Lettonie, Malte et Portugal.

Cette procédure, prévue depuis 1997 dans le traité d'Amsterdam, n'avait jamais été encore utilisée. Elle permet à un certain nombre de pays (neuf au minimum pour la lancer) d'aller de l'avant dans un domaine sans attendre que tout le monde soit d'accord.

Les conjoints binationaux auront la possibilité dans ces quatorze pays de choisir la législation qui s'appliquerait pour leur divorce.

En cas de désaccord au sein du couple, "la loi applicable peut être celle du pays où le couple avait sa résidence habituelle, ou celui dans lequel les conjoints ont eu leur dernière résidence commune, et si rien ne marche, la loi sera celle du pays où le divorce est demandé".

Environ 300.000 mariages binationaux ont été célébrés en 2007 et près de 140.000 divorces prononcés.

Le Royaume-Uni, qui vient de porter au pouvoir les conservateurs eurosceptiques alliés aux libéraux, a approuvé cette initiative.

uma fotografia vale mais que muitas palavras...


4 de junho de 2010

Conjuntura: Portugal consegue segunda maior subida do PIB na União Europeia

Lisboa, 04 jun (Lusa) – Portugal conseguiu a segunda maior subida do PIB no primeiro trimestre deste ano na União Europeia (UE), depois da Suécia, após ter crescido 1 por cento face ao trimestre anterior, de acordo com os dados hoje avançados pelo Eurostat.

A Suécia cresceu 1,4 por cento no primeiro trimestre de 2010, em relação ao trimestre anterior, para uma média da UE de 0,2 por cento no trimestre.

Face ao trimestre homólogo de 2009, o produto interno bruto (PIB) português avançou 1,7 por cento, de acordo com o gabinete de estatísticas europeu, o quarto maior crescimento da UE.

Óbito/João Aguiar: Escritor foi um dos cultores em Portugal do romance histórico (Perfil)

Lisboa, 03 jun (Lusa) - O escritor João Aguiar, o Tio João da série juvenil “O Bando dos Quatro” que morreu hoje em Lisboa vítima de cancro, foi um dos cultores em Portugal do chamado romance histórico, com “A Voz dos Deuses”, publicado em 1984.

João Casimiro Namorado de Aguiar nasceu em 28 de outubro de 1943 e viveu a infância entre Lisboa, cidade natal, e a Beira, em Moçambique. A mãe ensinou-o a ler para mantê-lo sossegado na cama, durante um longo período de doença, e de leitor interessado passou rapidamente a aspirante a escritor.

Aos oito anos, tentou ditar um livro de aventuras à irmã Maria João mas o sentido crítico dela arrasou-lhe as pretensões. Insistiu com novas obras que foi deitando para o lixo e teve mesmo um “primeiro” livro que só não viu a luz do dia porque a editora faliu antes. Só depois dos 40 anos publicou o primeiro romance, na Perspetivas & Realidades de João Soares: “A Voz dos Deuses”, uma ficção histórica centrada na figura de Viriato.

Seguiram-se duas dezenas de romances que o levaram a estudar a história mais remota de Portugal – regressou aos primórdios para falar de Sertório e publicou até um trabalho não ficcionado sobre o menino do Lapedo. Viajou para Macau com a ficção para escrever “Os Comedores de Pérolas” e “O Dragão de Fumo”.

Pelo meio, João Aguiar criou duas séries destinadas ao público mais jovem – “Sebastião e os Mundos Secretos” e o “Bando dos Quatro”, no qual ele próprio figura na personagem do Tio João. Fez também o libreto para a ópera “A Orquídea Branca” de Jorge Salgueiro, estreada em 2008.

A doença que veio a provocar-lhe a morte impediu-o de concluir o livro que preparava sobre a revolução de 1383.

João Aguiar frequentou em Lisboa os cursos superiores de Direito e Filosofia mas foi em Bruxelas que se licenciou em Jornalismo, profissão que entretanto tinha começado a exercer. Na Bélgica, fez um pouco de tudo, desde lavar escadas a trabalhar no Turismo de Portugal.

De regresso a Portugal, fez o serviço militar e uma comissão em Angola no sector da ação psicológica, produzindo rádio para as tropas.

Considerou-se sempre jornalista, mesmo passados largos anos desde que abandonara a actividade profissional. Começou pela RTP – onde também coordenou uma série da Rua Sésamo - e passou depois por jornais como Diário de Notícias, A Luta, O País. Fez rádio no Canadá, onde trabalhou com Henrique Mendes.

Dizia-se um “monárquico não tradicionalista”, justificava-o “por uma questão pragmática”. O último romance que publicou – “O Priorado do Cifrão” – era uma “charge” ao mundo criado por Dan Brown.

Numa autobiografia irónica que escreveu para o jornal de Letras em 2005, João Aguiar concluía: “A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida – boa ou má, não importa para o caso – , esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato.”

2 de junho de 2010

Luso Jornal nº 259 de 2 de Junho

A informática por vezes falha...

e os pobres seres humanos falíveis que somos devem esperar pacientemente que tudo regresse à normalidade, o que parece ser o caso ! Em princípio, já devemos estar em condições de retomar o fio da meada informática e informativa ! O nosso pedido de desculpas por algo completamente alheio à nossa vontade.