29 de novembro de 2010

Estatísticas: Residentes ultrapassaram os 10,6 milhões, população só baixou no Alentejo e Centro

Lisboa, 29 nov (Lusa) – A população residente em Portugal ultrapassou os 10,6 milhões em 2009, segundo os dados revelados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que indicam que apenas nas regiões do Alentejo e Centro a população baixou.

Os dados do INE relativos aos anuários estatísticos regionais apontam para 10 637 713 habitantes em Portugal, reflexo de uma taxa de crescimento migratório positiva (0,1 por cento) que mais do que compensou o valor negativo da taxa de crescimento natural (-0,05 por cento).

À exceção das regiões do Alentejo e Centro, as restantes NUTS II registaram crescimentos populacionais positivos, excluindo a região Norte, onde o número de residentes estagnou.

Nas sub-regiões do Cávado, Grande Lisboa, Tâmega e Península de Setúbal registaram-se os maiores crescimentos na componente natural da população, por oposição ao Pinhal Interior Sul e à Serra da Estrela, em que o peso relativo ao saldo natural baixou mais do que um por cento relativamente ao ano anterior.

No caso da taxa de crescimento migratório (que se refere a migrações internas e internacionais), os valores mais expressivos foram registados no Algarve (0,9 por cento), Oeste e na Península de Setúbal (ambas com 0,7 por cento).

Em apenas 70 dos 308 municípios do país a taxa de crescimento natural foi positiva.

Já a taxa de crescimento migratório foi positiva em mais de metade dos municípios.

Em termos globais, os dados do INE indicam que houve um aumento da população entre 2008 e 2009 em 112 municípios.

26 de novembro de 2010

Música: Mariza, "uma das mais notáveis fadistas", distinguida com a Ordem das Artes e Letras de França



Lisboa, 26 nov (Lusa) – Mariza é agraciada no dia 07 de dezembro pelo Governo francês com a Ordem das Artes e Letras, no grau “Chevalier”, por ser uma das "fadistas mais notáveis da sua geração", segundo fonte diplomática.

A mesma fonte acrescentou que a condecoração, decidida pelo ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand, distingue Mariza como “uma das fadistas mais notáveis da sua geração”.

“Entre a tradição e a modernidade, Mariza modernizou o fado, sendo uma grande representante de Portugal no mundo”, adiantou á Lusa a fonte diplomática.

A condecoração será entregue à fadista pelo embaixador da França em Lisboa, Pascal Teixeira da Silva, no dia 07, às 18:30, na legação diplomática gaulesa, em Santos-o-Velho.

A condecoração, uma das mais altas distinções do Governo da França a cidadãos estrangeiros, reconhece “o seu talento como cantora e a forte presença em palco”, acrescentou a mesma fonte.

Mariza edita hoje “Fado Tradicional”, o quinto álbum de estúdio, e que atingiu já o galardão de platina, por vendas superiores a 20 000 unidades, informou hoje a editora discográfica.

Maria atua segunda e terça-feira no Coliseu de Lisboa, depois de ter atuado quinta-feira no Porto.

A intérprete de "Cavaleiro Monge" (Fernando Pessoa/Mário Pacheco) tem sido distinguida com vários galardões, entre eles a comenda da Ordem do Infante, entregue pelo presidente da República Jorge Sampaio em 2006.

Criada em 1957, a ordem honorífica francesa distinguiu já vários portugueses, entre eles, os escritores Lídia Jorge e António Lobo Antunes, o comendador Joe Berardo, o ensaísta Eduardo Lourenço, o editor Manuel Alberto Valente, o jornalista Carlos Pinto Coelho e o encenador Joaquim Benite.

Mariza ganhou no ano passado o Globo de Ouro de Melhor Intérprete Nacional, que tinha já recebido em 2006 pelo álbum “Transparente”.

O álbum “Terra”, editado em junho de 2008, foi considerado em 2009 um dos dez melhores do mundo na área da world music por três publicações britânicas - as revistas Songlines e UnCut e o jornal Sunday Times - e recebeu uma nomeação para os Prémios Grammy latinos.

A fadista conquistou, entre outros, os prémios BBC Radio 3, na categoria de Melhor Artista da Europa de World Music, em 2003, o European Border Breakers Award, no MIDEM, e Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim, na categoria de Melhor Música de Filme, por “Ó Gente da Minha Terra” (Amália Rodrigues/Tiago Machado) no filme “Isabella” de Pang Ho-Cheung.

Cinema: Filme "Mistérios de Lisboa" nomeado para prémio francês Louis Delluc

Lisboa, 26 nov (Lusa) - O filme "Mistérios de Lisboa", do chileno Raúl Ruiz e produzido por Paulo Branco, está nomeado para o prémio francês de cinema Louis Delluc, revelou hoje a produtora Clap Filmes.

O prémio Louis Delluc, criado em 1937, é atribuído por um grupo de personalidades e críticos do cinema francês e é atualmente presidido por Gille Jacob, presidente do festival de cinema de Cannes.

Além de "Mistérios de Lisboa", que tem produção luso-francesa, estão ainda nomeados "Carlos", de Olivier Assayas, "Dos homens e dos deuses", de Xavier Beauvois, "O escritor fantasma", de Roman Polanski, "Tournée", de Mathieu Amalric, "White material", de Claire Denis, "Des filles en noir", de Jean-Paul Civeyrac, e "La princesse de Monpensier", de Bertrand Tavernier.

Com mais de quatro horas de duração, "Mistérios de Lisboa" é uma adaptação para cinema de um romance homónimo de Camilo Castelo Branco, um fresco sobre a sociedade portuguesa de finais do século XIX, protagonizado por um extenso grupo de atores portugueses e franceses.

O filme, que valeu ao realizador chileno Raúl Ruiz um prémio no festival de San Sebastian, em Espanha, estreou-se nos cinemas em meados de outubro, está ainda em cartaz, tendo já somado cerca de onze mil espetadores.

"Mistérios de Lisboa", um dos mais ambiciosos projetos do cinema português, com um orçamento de 2,5 milhões de euros, será ainda exibido na RTP em formato minisérie de seis episódios.

Os vencedores, de melhor filme e melhor primeira obra, do prémio Louis Delluc serão conhecidos a 17 de dezembro.

Em 2009, o prémio Louis Delluc foi atribuído a "Um profeta", de Jacques Audiard.

25 de novembro de 2010

Lido no Público : C"est l"humour luso-francês, pá!


António é emigrante em França. Tem bigode, sobrancelhas espessas, mastiga um palito, coça o peito peludo, diz asneiras. António é a personagem criada por Rodolfo Ferreira Ribeiro - um luso-descendente nascido em Paris cujos pais emigraram para França na década de 1970 - e faz humor com os estereótipos da emigração lusa. Mas não está sozinho. Há mais como ele.

Quem fizer uma pesquisa no YouTube por Ro et Cut dá de caras com esta dupla - composta por Rodolfo e Mohamed Ould Bouzid - que mais parece saída de um filme neo-realista que deu para o torto. Está tudo lá, a atingir-nos em cheio como um garrafão de cinco litros. As barrigas salientes, o futebol como fé, a religião como desporto, o machismo, o "deixa-andar-que depois-logo-se-vê", a boa pinga, os almoços de rebentar pelas costuras, a pronúncia macarrónica, as mulheres de buços fartos e, sim, uma e outra vez, os palavrões.

Este tipo de humor-implosão - o humor feito a partir de dentro de uma comunidade - faz furor. Sobretudo na Internet. A dupla Ro et Cut transformou-se num fenómeno sério de popularidade online. Os emigrantes portugueses em França - mais de meio milhão de pessoas - riem-se com os estereótipos dos emigrantes de primeira geração. Daqueles que chegaram com uma mala de cartão, assentaram arraias na periferia e deitaram mãos à obra.

O humor feito pela segunda geração de uma comunidade de emigrantes não é novidade. Fenómeno semelhante aconteceu no Reino Unido com os filhos de indianos que rumaram ao país em busca de uma vida melhor. Séries como Goodness Gracious Me e The Kumars at No. 42 (ambas da BBC) tratavam desse desajustamento entre gerações. A guerra entre o inglês e o hindi, entre os jeans e os saris, entre o fish&chips e as chamuças. Estar no cruzamento de duas culturas é estar no epicentro dos choques, da estranheza e de todo o humor que isso gera.

Rodolfo Ferreira Ribeiro, 26 anos, diz ao P2 que a sua inspiração está nas pessoas e situações que o rodeiam. "Gosto do humor que trata do quotidiano. A vida das pessoas é apaixonante e, para os humoristas, é uma fonte de inspiração inesgotável."

Rodolfo voltou-se para o que rodeava, para a sua própria família, e transformou as suas características em material humorístico. "As minhas paródias resumem uma parte da minha vida que eu transformo em sketches, como por exemplo o regresso a Portugal nas férias do Verão. A personagem do António é familiar a todos. Toda a gente conhece um António à sua volta."

Rodolfo insiste, porém, que está empenhado em inovar estas caricaturas e "trazer novas ideias para o circuito do humor".

Lionel [assim mesmo, com um i] Cecílio, também ele luso-descendente, actor e que teve em cena o espectáculo Suite Royale 2026, no qual parodiava as suas raízes portuguesas, confirma que também se inspirou em quem o rodeia: "Comecei a imitar as pessoas que estavam à minha volta - as tias, os avós... - e a transformar em gozo as situações e as pessoas que tinham valor para mim. Se eu gozasse com pessoas de quem não gosto, isso seria apenas maldade. Não teria piada."

O seu humor é, por isso, uma homenagem às pessoas de quem gosta. E mais: gozar com os portugueses é, no fundo, gozar consigo próprio. "A autocrítica é a base indispensável de um humor saudável", diz.

E afinal quais são as características com que gozam os filhos dos emigrantes? Carlos Pereira, director do Luso-Jornal e espectador atento destas novas formas de humor em que a comunidade portuguesa se vê retratada, explica ao P2 que há sempre características constantes nestes exercícios de autocrítica. "O machismo, as asneiradas, o facto de os portugueses serem barulhentos, a religiosidade, as mulheres peludas..."

A mistura do francês e do português - unanimemente considerado pelos humoristas como uma terceira língua, o frantuguês - é outro ingrediente sempre presente. "Todos já ouviram frases do género: "Vou meter ça na poubelle do lixo e après já volto tout de suite"...", ilustra Lionel.

Ana Sofia Veloso é actualmente assessora de imprensa da Universidade de Coimbra, mas nasceu em França, filha de emigrantes portugueses, e mantém o contacto com este tipo de humor que se vai fazendo em França, especialmente através na Internet. Ao P2 explicou que há sempre uma série de hábitos realistas que vão sendo colocados ao longo dos sketches: "A garrafa de vinho do Porto, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, o terço pendurado no carro, a cerveja, o vinho tinto, o vinho verde, a importância do futebol, a sueca, a música popular portuguesa ou ainda os carros a abarrotarem nas viagens para Portugal..."Entremeado com todo este universo kitsch, Ana Sofia salienta que há igualmente aspectos bem retratados, por exemplo, "a importância da família na comunidade portuguesa e o amor pela pátria que se deixou para trás".

Todos os humoristas dizem que o público, seja português seja francês, reage muito bem ao tipo de humor que praticam.

José Cruz, que tem em cena, em Paris, a comédia Olá - assim mesmo, à portuguesa, embora o espectáculo seja integralmente em francês - é outro humorista de raízes lusas. Cruz sublinha que "os portugueses têm muito orgulho dos artistas que os representam, quando estes vão mais além dos clichés", disse o jovem humorista ao P2.

Na opinião do director do Luso-Jornal, as pessoas reagem melhor a este humor-sapatada quando ele vem da própria comunidade. "É mais normal que as piadas sejam aceites, se forem feitas por um português ou luso-descendente. Se as piadas tiverem origem numa pessoa fora do "círculo", é natural que os sorrisos saiam amarelos. As pessoas mais velhas, que foram para França e passaram muitas provações, ainda têm alguma dificuldade em se rirem do imaginário dessa altura, dos bairros de lata. Há pessoas que ficaram mais complexadas do que outras. Mas para a segunda geração isto é tudo natural."

Mas as mentalidades estão a mudar, avalia Carlos Pereira: "Durante muito tempo não se abordou esta questão. Não se queria olhar para trás. E aqui há finalmente um olhar para trás, mas um olhar do caricato. No fundo, trata-se de ir buscar aquilo que os franceses acham de nós e brincar com isso (...). Já houve distanciamento suficiente para as pessoas se rirem disso", diz o director do Luso-Jornal. Até porque, sublinha, o "português da caricatura humorística já não corresponde de maneira nenhuma ao português que emigra hoje para França".

Ana Veloso comenta, por seu lado, outro aspecto deste fenómeno de reacção dos portugueses à autocrítica: "Confesso que até fiquei surpreendida com o entusiasmo da segunda geração em relação a este tipo de escárnio, porque alguns desses jovens foram vítimas dos estereótipos ligados à comunidade portuguesa. Muitos foram gozados por alguns hábitos que os pais trouxeram de Portugal (folclore, música popular, religião...). Ou mesmo pelas condições sociais dos pais. Por exemplo, o tipo de trabalho que se associa logo a portugueses: homens a trabalhar na construção civil e mulheres a trabalhar nas limpezas.""Ora" - continua Ana Sofia Veloso, já há onze anos a viver em Portugal -, "estes sketches até tiveram o efeito contrário. São uma espécie de catarse: partiram dos estereótipos veiculados na sociedade francesa sobre os portugueses e reuniram-nos todos e levaram-nos ainda mais longe, até ao limite, sem complexos, o que acabou por surtir um efeito libertador e realmente cómico."

A dupla Ro et Cut começou a ganhar visibilidade quando fez uma paródia ao omnipresente anúncio à marca de reparação de pára-brisas Carglass, que na versão macarrónica e original de António se transforma em Carglouch. Rodolfo estava longe de imaginar que este vídeo se transformaria num fenómeno viral, visto milhões de vezes desde que foi colocado no YouTube.

De lá para cá, a personagem António não morreu. Antes evoluiu. Muitos dos sketches estão disponíveis na Internet (e agora até em DVD), que serve igualmente para que estes humoristas baseados em Paris possam ver o que se faz em Portugal em termos de humor.Por contraditório que possa soar, Rodolfo cita os seus favoritos: Gato Fedorento e Fernando Rocha. Lionel Cecílio também gosta do quarteto que pôs Portugal a dizer "falam, falam, falam" e José Cruz nomeia, por seu lado, a série Os Contemporâneos. "Desde que os descobri, não páro de ver os vídeos na Internet. E, ao descobri-los, descobri também o Bruno Nogueira e os números de stand-up, que eu adoro. Também me falaram muito de Pedro Tochas. Gostaria de o ver ao vivo."

José Cruz acrescenta ainda: "Hoje, com as novas tecnologias - televisão por satélite e Internet - podemos descobrir o trabalho uns dos outros e influenciarmo-nos mutuamente."

Comum a todos é igualmente a devoção por Portugal. Rodolfo diz que tem por hábito vir pelo menos duas vezes por ano ao nosso país, uma no Verão e outra no Inverno. "É importante para mim regressar a Portugal e visitar a minha família. Sou muito apegado às minhas raízes."

Rodolfo até já conseguiu fazer duas representações em Portugal, uma em Fafe e outra em Pombal, e diz que o público reagiu muito bem.
 
José Cruz admite, por seu lado, que a sua segunda cidade preferida é Lisboa, depois de Paris. "Gostaria de ter um pequeno apartamento em Lisboa e poder assim partilhar a vida entre os meus dois países." Enquanto esse desejo não se concretiza, sonha apenas com a possibilidade de um dia poder actuar em Portugal.

22 de novembro de 2010

Literatura: Gonçalo M. Tavares vence Prémio do Melhor Livro Estrangeiro 2010 em França


Lisboa, 22 nov (Lusa) – O escritor Gonçalo M. Tavares é o vencedor do Prémio do Melhor Livro Estrangeiro publicado em França em 2010, com o romance “Aprender a Rezar na Era da Técnica”, disse hoje à Lusa o seu editor, Zeferino Coelho.

Publicado em Portugal pela Caminho em 2007, o quarto romance da série “O Reino” (depois de “Um Homem: Klaus Klump”, “A Máquina de Joseph Walser” e “Jerusalém”), chegou este ano às livrarias francesas com o título “Apprendre à Prier à l’Ère de la Technique”, numa tradução de Dominique Nédellec, e foi também finalista de outros dois prestigiados prémios literários franceses: Femina e Médicis.

Criado em 1948 por Robert Carlier e pelo seu amigo André Bay, em torno de um grupo informal de editores, o Prix du Meilleur Livre Étranger foi um dos primeiros prémios a debruçar-se sobre os livros traduzidos em França e é encarado como uma espécie de “antecâmara do Nobel”.

Da já longa lista de premiados, constam nomes e obras que marcaram a história da literatura, como “O Homem sem Qualidades” (1958), de Robert Musil, “Cem Anos de Solidão” (1969), de Gabriel García Marquez, ou “Auto-da-fé” (1949), de Elias Canetti, e ainda Kawabata, Soljenitsyn, Guillermo Cabrera Infante, John Updike, Adolfo Bioy Casares, Mario Vargas Llosa, Günter Grass, Salman Rushdie, Ernesto Sabato, Orhan Pamuk, Philip Roth e António Lobo Antunes, o único português até agora distinguido.

É desde 2008 patrocinado pelo hotel parisiense Regency Madeleine, onde está hoje a decorrer a cerimónia de anúncio dos vencedores e entrega dos prémios, anualmente atribuídos em duas categorias: romance e ensaio.

Compõem o júri, além de André Bay, Daniel Arsand (responsável pela literatura estrangeira nas Éditions Phebus et Auteur), Manuel Carcassonne (diretor editorial das Éditions Grasset), Gérard de Cortanze (escritor e editor da Gallimard), Nathalie Crom (responsável pelas páginas de literatura da Telerama), Solange Fasquelle (escritora e membro do júri do Prémio Femina), Anne Freyer (editora de literatura estrangeira da Seuil) e Christine Jordis (escritora e editora da Gallimard e membro do júri do Prémio Femina).

Os restantes membros são Jean-Claude Lebrun (cronista no L’Humanité), Joseph Mace-Scaron (diretor do Magazine Littéraire e diretor-adjunto da Marianne), Ivan Nabokov (editor da Plon), Joel Schmidt (escritor) e Laurent Ebzant (diretor-geral do Hyatt Regency Paris-Madeleine).

Lido no DN : 3% dos bebés registados com último nome da mãe

Nos últimos cinco anos 22 544 crianças receberam o apelido materno. Afonso Miguel Loja Vaz e Pedro Nuno Vaz Loja são iguais, menos no nome. Os dois gémeos recém- -nascidos têm os apelidos trocados. O Afonso tem o do pai em último lugar e Pedro o da mãe. Uma opção que tem vindo a conquistar adeptos, mostram os números do Instituto dos Registos e Notariado.

Como Pedro, há mais 3036 bebés, dos 97 255 registados em 2010, que têm no nome o último apelido da mãe, representando já 3% dos registos. Se somarmos os últimos cinco anos são 22 544 as crianças registadas desta forma.

Em Portugal, a escolha da ordem dos apelidos cabe unicamente aos pais, ao contrário de países como a Espanha em que a lei dá preferência ao apelido do pai (ver caixa ao lado). Por cá, a maior prevalência do nome do pai deve-se unicamente à tradição. O que Carla Loja quis contrariar. "Desde pequenina que queria pôr o meu apelido a um dos meus filhos e até já tinha combinado que o primeiro teria o apelido do pai e o segundo o meu. Como tive gémeos arrumei já este assunto", conta ao DN a a mãe.

Esta opção foi feita "de modo a que o meu nome não acabasse. Como o único irmão homem que tenho não pensa em ter filhos se não tomasse esta decisão o meu apelido acabava", refere. O desejo de que o nome materno não desapareça é o mais frequente nestes casos, considera a socióloga Ana Reis Jorge.

A especialista em questões de género e família da Universidade do Minho acrescenta, no entanto, que este não será o único motivo. "A escolha do apelido pode também estar relacionado com o prestígio, nos casos em que o nome da mãe possa estar mais associado a esta dimensão."

Até porque, para Ana Reis Jorge "não são todas as mães a ter esta atitude". Embora reconheça "uma maior paridade das relações em que as mulheres têm cada vez mais uma palavra a dizer e são ouvidas".

Ainda assim, existem entraves para uma maior dimensão deste fenómeno. "A maior parte das pessoas nem sabe que se pode pôr o nome da mãe em último lugar e por isso nem colocam essa hipótese", defende a socióloga.

Apesar dos números mostrarem uma realidade crescente, Ana Reis Jorge acredita que "ainda há muito a fazer pela igualdade das relações". Isto porque, "mesmo quando a mãe pensa em dar continuidade ao nome, o seu último apelido é ainda o da linha do seu pai".

Além disso apelido da mãe acaba por ser dado ao segundo filho e o do pai continua a ser para o primeiro, logo se não houver dois filhos o apelido do pai continua a prevalecer, conclui.

De facto era esta a opção de Carla Loja, mas como teve gémeos resolveu a questão logo com os primeiros filhos. Carla não parece incomodada por os dois irmãos iguais terem nomes diferentes. "Vai ser um bocadinho estranho mas vai ser também a individualidade de cada um", defende a mãe.

21 de novembro de 2010

Lido no Público : Turistas são mais velhos, não viajam sozinhos, nem de mochila às costas


Têm mais de 35 anos, são atraídos por recomendações de conhecidos e não gostam de viajar sozinhos ou andar de mochila às costas. É este o perfil do turista que escolhe o território português para passar férias, durante o Verão. O estudo, da responsabilidade do Turismo de Portugal, vai servir para afinar a estratégia de promoção do país no exterior e responder melhor às exigências dos visitantes, que apreciam as paisagens, a simpatia e os vinhos e ficaram menos satisfeitos com o custo de vida e a fraca fluência de idiomas estrangeiros.

Durante 11 dias, o organismo entrevistou 1072 turistas de sete nacionalidades, junto aos balcões de check-in dos principais aeroportos portugueses. O Estudo de Satisfação dos Turistas, que incidiu, principalmente, sobre os britânicos, que representam 40 por cento da amostra e são também os que mais contribuem para o sector em Portugal, faz um retrato do perfil, expectativas e previsões de regresso ao país.

De entre as principais conclusões, está o facto de 51 por cento dos inquiridos se encontrarem, pela primeira vez, em território português. Para o Turismo Portugal este dado "está em linha com a estratégia de conquista de novos públicos" e associado ao facto de "Portugal se ter tornado mais acessível por via aérea", com os incentivos às companhias de aviação, sobretudo às low-cost, através do programa estatal Iniciativa.pt.

Mais de 40 por cento escolheram Portugal por recomendações de familiares e amigos, quando estavam na fase de planeamento das férias, e decidiram viajar até ao país por causa do clima e da paisagem (56 por cento) e da forma hospitaleira de acolhimento (30 por cento). No caso dos espanhóis, o factor proximidade é apontado por 56 por cento dos inquiridos.

Apenas três por cento ficaram interessados em visitar Portugal por estímulo publicitário, a ferramenta mais clássica nas estratégias de promoção dos destinos. Já a Internet foi responsável por 29 por cento das chegadas da amostra analisada.

Estas conclusões levam o Turismo de Portugal a admitir que há esforços a fazer na forma como se promove o destino Portugal. Além de deixar satisfeitos os que passam pelo país, o organismo está a "reforçar a presença em plataformas de comunicação on-line", como as redes sociais, e vai passar a incluir uma "ligação directa entre o consumidor e a oferta" no novo portal de promoção externa, o visitportugal.com.

Em termos de satisfação, o estudo concluiu que 91 por cento dos inquiridos ficaram "muito satisfeitos" com a estada. E que 44 por cento consideraram que as férias ficaram "acima das expectativas". As paisagens, as praias, a simpatia da população local e a gastronomia e vinhos foram os pontos mais apreciados.

Já os serviços de saúde, o custo de vida e a preservação ambiental só satisfizeram cerca de metade dos turistas. A fraca fluência de idiomas estrangeiros também foi um dos contras apresentados por uma parte dos inquiridos. Ainda assim, 54 por cento disseram que "de certeza voltará a Portugal". Seis por cento admitiram que "provavelmente" não o farão.

Além de um cruzamento entre expectativas e satisfação dos turistas, este estudo sistematiza informação de perfil, que antes estava mais dispersa. E a ideia do Turismo de Portugal é continuar a fazer mais relatórios, pelo menos, dois por ano "para perceber a evolução destas percepções e permitir intervir do lado da oferta". O próximo será realizado antes do Verão de 2011, garantiu o organismo ao PÚBLICO,

Em termos de perfil, conclui-se que 55 por cento dos turistas entrevistados tinham entre 35 e 54 anos e apenas nove por cento menos de 24. Mais de metade têm educação equiparada ao ensino universitário e nenhum dos inquiridos possuía habilitações inferiores ao secundário. São tantos os homens como as mulheres, mas são muitos mais os que ainda preferem voar em companhias de aviação tradicionais (63 por cento).

Apenas dez por cento viajaram sozinhos. A maioria veio acompanhada com o cônjuge ou com outros adultos. E há uma grande fatia (75 por cento) que fica a totalidade da estada num único local. É o chamado "turismo estacionário", muito característico dos meses de Verão - uma "época de excelência para o produto sol e mar, que é estacionário", restringindo-se a zonas costeiras e mais a sul do país, explicou o Turismo de Portugal.

O facto de apenas 25 por cento dos inquiridos estarem em território nacional com a intenção de fazer circuitos por mais de uma região também está relacionado com "alguns mercados, como o britânico e o irlandês, que são estacionários por natureza", disse o organismo, acrescentando: "Devemos aproveitar para levá-los a regressar a Portugal noutras alturas do ano e fruir produtos que motivam maior circulação pelo país."

A aversão dos turistas de Verão a andar de mochila às costas a explorar o território também tem reflexos nas escolhas dos locais para passar férias. É para Lisboa que seguem 45 por cento dos visitantes e o Algarve atrai 39 por cento. Fátima está muito abaixo no ranking, com apenas quatro por cento das preferências. Mas o pior classificado é o arquipélago dos Açores (um por cento).

O Turismo de Portugal assume que 83,6 por cento das dormidas continuam concentradas nas três principais regiões turísticas (Algarve, Madeira e Lisboa), apesar de ter havido um decréscimo face a 2007 (84,8 por cento). Mas assegura que o crescimento está a ser maior "nos destinos emergentes".

Os franceses são os únicos que escapam à regra, manifestando uma procura mais repartida pelas várias regiões. Nas visitas realizadas ao país, 52 por cento passou pelo Norte e Centro e 28 por cento nas zonas do Estoril, Sintra e Cascais. Já os irlandeses estão totalmente voltados para o Algarve, onde ficaram em 90 por cento dos casos. Mas são também eles os únicos, a par dos espanhóis, a registar uma passagem pelos Açores.

O estudo revela ainda que os inquiridos ficaram, em média, 10,4 noites em Portugal, que, no caso dos turistas de Espanha, baixa para 7,6 e, no dos brasileiros, sobe para 15,3, por factores de proximidade. Mais de metade preferem ficar alojados em hotéis, aparthotéis e pousadas, com excepção dos visitantes que chegam do Brasil, que escolhem mais a casa de familiares e amigos.

Dois por cento dos inquiridos afirmaram que tinham casa própria no país e apenas um por cento são adeptos de turismo de rural. Um tipo de estabelecimento que não tem tanta procura no Verão, encontra-se em zonas menos atractivas nesta época, como o Alentejo e o Norte, e "representa apenas 4,6 por cento da capacidade total de alojamento", esclareceu o Turismo de Portugal.

Coimbra: Incubadora do Instituto Pedro Nunes venceu prémio internacional

Lisboa, 20 nov (Lusa) – O Instituto Pedro Nunes (IPN), venceu o prémio internacional de Melhor Incubadora de Base Tecnológica do mundo, evidenciando-se entre cinquenta concorrentes de 26 países, anunciou hoje a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Em comunicado, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra anunciou hoje que a “atribuição deste prémio é baseada na análise de uma combinação de 25 indicadores de performance da própria incubadora e das empresas incubadas”.

Segundo o documento, a IPN Incubadora foi premiada pelos “excelentes resultados” ao nível de um modelo de negócio autosustentado com forte retorno do investimento público, de uma taxa de sobrevivência das empresas incubadas superior a 80 por cento, por um volume de negócios agregado superior a 70 milhões de euros, e na criação de mais 1500 postos de trabalho diretos, “muito qualificados”, desde o seu inicio de actividade.

O concurso decorreu entre quinta e sexta-feira, em Liverpool, Inglaterra, durante a 9.ª conferência anual sobre boas práticas em incubadora de base tecnológica e envolveu cinquenta incubadoras de 26 países.

Em actividade deste 1996, a IPN Incubadora foi criada em 1991 por iniciativa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, e já apoiou a criação e o desenvolvimento de mais de 140 empresas de base tecnológica.

11 de novembro de 2010

Luso Jornal n° 10 de 10 de Novembro


Nesta edição do LusoJornal pode ler:
Destaque:
 · Conselho das Comunidades vai passar a ter funcionamento reduzido
· Cortes orçamentais afetam CCP

Política:
· Manuel Alegre apela ao patriotismo das Comunidades portuguesas
· Deputados do PSD pelos círculos da emigração dirigem a campanha de Cavaco Silva junto das Comunidades
· Secretário de Estado António Braga diz que o voto dos emigrantes devia ser harmonizado
. Deputados do PSD congratulam-se com alteração à Lei eleitoral do Presidente da República
· PS português dos Yvelines convoca Assembleia de Secção
· Reforma da rede diplomática ainda não está concluída
· Resultados das eleições brasileiras: Dilma Roussef também ganhou em Paris
· OCDE: João Gomes Cravinho em Paris para exame à cooperação portuguesa

Comunidade:
· Trabalhadores temporários portugueses fizeram greve e agora querem processar o Estado francês
· Vasta operação já recenseou quase 4.000 Cabo-verdianos em França
· Terminou a eleição do Conselho dos Representantes dos Brasileiros no exterior
· Município de Vila Verde tem Gabinete de Apoio às Comunidades portuguesas desde 2006
· Plaisir reafirmou geminação com Baixa da Banheira e com Moita
· Castanhas oferecidas pela Câmara Municipal de Trancoso vão ser distribuídas aos parisienses
· Faleceu Manuel Mafra
· Centenário da República portuguesa em debate na Gulbenkian de Paris
· Embaixador de Portugal visitou Rouen
· Filha de Soldado português que combateu no Norte, Felícia Pailleux, devolve bandeira à Liga dos Combatentes Portugueses
· Debate sobre solidariedade no Consulado de Portugal em Lyon
· Conferência sobre o Centenário da República Portuguesa, em Bordeaux
· Academia do Bacalhau entronizou duas “Comadres”

Empresas:
· Novo Diretor da AICEP em França, António Silva, já está no terreno
· Missão económica Ubifrance recruta jovens lusófonos para trabalhar em Portugal
· Santander Totta eleito “Melhor Banco do Ano pela revista Exame”
· João Paulo Garcia, Diretor da Gulbenkian, foi o convidado do jantar da Confraria dos Financeiros

Medias:
· RTP vai acabar com os programas Contacto em abril de 2011
· Portugal Magazine divulga o concurso para a Primeira Antologia de Escritores Portugueses residentes em França

Cultura:
· O fado de Kátia Guerreiro no l’Alhambra de Paris
· Manuel Mendes toca na Universidade de Saint Etienne
· Fernando Pessoa: 75 anos depois da sua morte, lembrado em Grenoble
· Exposição sobre Lisboa na Universidade de Clermont-Ferrand
· Homenagem a José Saramago no Consulado de Portugal em Paris
· Homenagem a Michel Laban na Universidade Sorbonne-Nouvelle, em Censier
· Edições Chandeigne participam no Salon de l’Autre Livre
· Cantores franceses Bernard Lavilliers e Cali, no novo disco de Cesária Évora
· Uma semana “Terraz” em Aix-en-Provence

Religião:
· Padres lusófonos de Lyon encontraram a Pastoral des Migrants

Associações:
· Professor Manuel Sá lembra-se da criação da Ronda Típica de Chalettre-sur-Loing
· Festival de folclore e Jantar do sócio na Associação de Bron
· Festival de folclore nos Salões nobres da Mairie de Paris 19
· 30° Aniversário da Casa Cultural e Social de Portugal em Troyes
· 30° Aniversário da Associação Cultural Portuguesa de Courbevoie
· Rancho de Villepinte procura músicos
· Cursos de canto tradicional no Sol de Portugal de Bordeaux
· Novos cursos de português na associação Bião de Paris

Desporto:
· Benfica do “rei” Coentrão ganhou ao Lyon
· Clássico Porto-Benfica seguido à distância a partir de Corbeil Essonnes
· Primeira equipa feminina de futebol no Sporting Club de Paris
· Derrota do Ris-Orangis, mas muitos golos ficaram por marcar
· Lusitanos de Saint Maur perdeu face ao FC Mantois
· Créteil/Lusitanos não foi além de um empate frente ao Strasbourg
· Francês Godemèche do Naval 1° de Maio foi operado à órbita ocular
· Portugueses de Ris-Orangis abandonaram a modalidade de futsal
· Equipa madeirense de Ténis de Mesa dedicou vitória ao Grupo Folclórico de Grand Quevilly
· Ciclismo: mais uma medalha para Michael d’Almeida
· Pedro Lamy continua piloto da Peugeot Sport

Opinião:
· “E se o LusoJornal já não existisse?” por Carlos Reis
· “Sobre a alteração da Lei Eleitoral do Presidente da República” por Manuel Bento

Cultura: Arquiteto Álvaro Siza Vieira vence 3.ª edição do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura

Lisboa, 11 nov (Lusa) - O arquiteto Álvaro Siza Vieira é o vencedor do III Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído pelos Ministérios da Cultura de Portugal e Espanha, anunciaram simultaneamente em Lisboa e Madrid as ministras, Gabriela Canavilhas e Ángeles Gonzalález-Sinde.

Instituído pelos dois países em 2006, com periodicidade bienal, tem como finalidade distinguir um autor, pensador, criador ou intérprete vivo, ou ainda uma pessoa coletiva sem fins lucrativos.

A iniciativa visa premiar o contributo significativo para o reforço dos laços entre os dois Estados e para um maior conhecimento recíproco da criação ou do pensamento, segundo o regulamento.

No valor de 75 mil euros suportados pelos dois países, o prémio consiste ainda na atribuição de um troféu da autoria da artista plástica Fernanda Fragateiro.

O júri desta terceira edição do galardão é constituído, em representação de Portugal por Clara Ferreira Alves, jornalista e escritora, João de Melo, escritor, e Manuel Graça Dias, arquiteto.

Em representação de Espanha, integram o júri José Manuel Diego Carcedo, jornalista, Fuensanta Nieto, arquiteta e Pilar del Río, jornalista.

Na primeira edição, em 2006, o Prémio foi atribuído ao português José Bento, e em 2008 (segunda edição), o vencedor foi o espanhol Perfecto Cuadrado.

Álvaro Siza, que recebeu o Prémio Pritzker em 1992, o maior galardão mundial para a área, nasceu em Matosinhos, em 1933 e estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, tendo sido influenciado numa primeira fase do seu trabalho pelos arquitetos Adolf Loos e Frank Lloyd Wright.

Há um ano, recebeu o título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitetos (OA) durante uma homenagem que decorreu em Lisboa no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Arquitetura.

Álvaro Siza Vieira recebeu também no ano passado a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura em reconhecimento da sua obra arquitetónica e actividade como cidadão, e foi homenageado no Reino Unido pela contribuição para a arquitetura internacional com a Medalha de Ouro Real.

Esta distinção atribuída pelo Instituto Real dos Arquitetos Britânicos em nome da rainha Isabel II é atribuída anualmente desde 1848, e distinguiu arquitetos de renome mundial como Le Corbusier (1953), Frank Gehry (2000) e Jean Nouvel (2001).

O Museu de Serralves, a Casa de Chá, as Piscinas de marés, a igreja de Marco de Canavezes, todos no distrito do Porto, o Pavilhão de Portugal da Expo 98, em Lisboa, e, mais recentemente, o museu para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil, são alguns dos projetos marcantes da carreira do arquiteto. Dirigiu a operação de recuperação do Chiado, após o incêndio de agosto de 1988.

É emigrante? Tem um projecto? A Gulbenkian ajuda-o

A Fundação Calouste Gulbenkian vai pedir aos emigrantes ideias para tornar Portugal um “sítio melhor para viver”. O anúncio é feito hoje, durante o colóquio Migrações, Minorias e Diversidade Cultural, em Lisboa. Neste encontro será também apresentado o primeiro Atlas das Migrações, um livro onde se traça o retrato das migrações desde o final do século XIX até aos nossos dias.

Se, então, a maioria dos portugueses saiam em direcção ao Brasil, hoje a maior comunidade imigrante no país é a brasileira. Actualmente, existem dois milhões e 300 mil portugueses, nascidos em Portugal – é o 22.º país com mais emigração, mas a imigração fica-se pelos 4,2 por cento, bem longe dos 40 do Luxemburgo, perto da média europeia (seis por cento).

A iniciativa FAZ, do verbo fazer, pede aos emigrantes que “pensem em comunidade, que estreitem os laços com os que ficaram”, explica Luísa Valle, directora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano. A intenção é lançar um concurso de ideias, em que o melhor projecto de empreendedorismo social seja concretizado em território português. A Gulbenkian financia mas, para já, não avança valores. “Lá se pensam, cá se fazem”, resume Luísa Valle que considera que existe um “potencial espalhado pelo mundo que não tem sido aproveitado”. Por isso, é preciso motivar “a diáspora” para ser mais pró-activa e contribuir para tornar Portugal um “sítio melhor para viver”, apela.

Luísa Valle espera que esta iniciativa se transforme num movimento da sociedade civil. No início de Janeiro, a Gulbenkian vai lançar o regulamento da iniciativa FAZ. “Importa reforçar e consolidar os laços entre Portugal e os portugueses espalhados pelo mundo, aproveitar a sua experiência e desafiá-los para resolvermos em conjunto as questão que são de todos”, diz a fundação em comunicado.

“A História explica muito”

No final do século XIX, o Brasil era o principal destino (entre 1886 e 1950, 1.246.000 portugueses chegaram ao Brasil). Hoje, são os brasileiros a maior comunidade imigrante em Portugal (107.253 em 2008), revela o Atlas das Migrações, coordenado pelo sociólogo Rui Pena Pires, uma encomenda da Gulbenkian e da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República.

O documento faz uma retrospectiva com informação cronológica, geográfica e sociológica. “Os portugueses não saíram por vocação mas por acidentes da história. A História explica muito”, diz Pena Pires, confessando-se “céptico [em relação] às explicações culturalistas” sobre a emigração, seja a portuguesa ou outra. A saída não se deve a “uma característica geral comum a todos os portugueses”, mas a questões económicas e ao passado colonial, explica.

Desde 1900 que um terço do crescimento demográfico português foi absorvido pela emigração, revela o Atlas. A consequência directa foi um decréscimo acentuado do crescimento demográfico potencial. O país conseguiu atrasar essa quebra com a chegada de África dos portugueses residentes nas ex-colónias, a partir de 1975, recorda Pena Pires. Mas não só, houve uma “imigração africana lusófona”, entre 1980 e 1990, essa intensificou-se com o aumento das obras públicas e construção civil. O investigador aponta que se trata de uma imigração pouco qualificada.

Contudo, “Portugal não poderia hoje viver sem o contributo da imigração”, diz o Atlas. Vários sectores de actividade poderiam ficar “semi-paralisados”, como a construção civil, os serviços pessoais e doméstidos, a restauração, hotelaria e comércio. Mas também o emprego altamente qualificado como os quadros estrangeiros de empresas multinacionais.

Emigrantes qualificados

Se desde o final do século XIX, os portugueses procuravam os países do outro lado do Atlântico, com o Brasil à cabeça, e com uma emigração pouco qualificada. Actualmente há uma nova emigração mais virada para o espaço europeu, resultado da maior circulação promovida pela entrada na União Europeia e mais qualificada. Além dos países europeus, Angola foi o destino escolhido por mais de 74 mil portugueses, no início do século XXI.

Um “fenómeno novo” é que há profissões qualificadas que requerem mobilidade, explica Pena Pires. Em 2000, 13 por cento dos portugueses com grau superior (90 mil) emigrara. Na União Europeia, este valor só era superado pela Eslováquia (14 por cento) e pela Irlanda (23 por cento).Os “novos emigrantes” são mais qualificados e escolhem o destino porque são informados, bem diferentes dos emigrantes dos séculos XIX e XX que iam atrás de um trabalho ou de familiares que os chamavam. Em comum, a esperança de “viver melhor”, diz Pena Pires.

Quem são os imigrantes?

O Atlas traça três perfis de imigrantes no país. Um é o dos directores e quadros de empresas multinacionais e dos profissionais intelectuais e científicos, como médicos, cientistas, artistas ou músicos, que têm elevadas qualificações escolares e remunerações altas. Aqui estão imigrantes dos países europeus mais ricos, mas também uma minoria da mais antiga imigração brasileira.

O segundo perfil, que é o maioritário, é o dos trabalhadores da construção civil, restauração, hotelaria e serviços pouco qualificados na indústria e na agricultura. A maioria destes imigrantes têm fracas qualificações e situações de trabalho precárias e mais expostas ao desemprego. Neste grupo encontram-se os imigrantes de origem africana, brasileira e da Europa de Leste (neste caso, muitos têm qualificações que não são reconhecidas).

Por fim, o terceiro perfil é o do imigrante empreendedor, que criam pequenas e microempresas na restauração, comércio e serviços. O melhor exemplo são os chinesas, mas também os indianos, quer os que chegaram de Moçambique depois de 1974, quer os estrangeiros. Neste grupo e em menor proporção estão os brasileiros e africanos.

Remessas são menores

Nas contas das remessas enviadas e das recebidas, Portugal fica a perder. Se em 1984, as recebidas eram 267 vezes superiores às enviadas; 30 anos depois são apenas três vezes mais. Para isso, contribuiu a diminuição das recebidas mas também o aumento das outras. Desde 2001, o Brasil é o destino de 57 por cento do valor total de remessas. Pena Pires, coordenador do Atlas das Migrações, explica que esta “não têm efeito nas políticas públicas” porque cada família dá-lhe um uso diferente. Na década de 1960, as remessas dos emigrantes foram uma “importante transferência de recursos”. No final de 1970 passou para cerca de dez por cento da percentagem do PIB, e para menos de dois em 2008. A França e a Suíça são os principais países de onde chegam esses valores; mas há outros destinos como Angola, de onde chegam mais remessas do que as que saem.

Os portugueses no mundo e o mundo em Portugal


Fonte : Fund. Calouste Gulbenkian

10 de novembro de 2010

Luso Jornal n° 9 de 3 de Novembro


Nesta edição do LusoJornal pode ler:

Destaque:
· Elmano Sancho, um ator português na Comédie Française
· Ator vai terminar contrato com “Les Femmes Savantes” de Molière e vai começar “Les habits neufs de l’empereur” de Hans Christian Andersen

Política:
· Nova Lei eleitoral do Presidente da República para emigrantes foi aprovada com abstenção do Bloco de Esquerda
.  Observatório da Emigração diz que emigração não é resposta para o desemprego
· Nicolas Sarkozy felicitou Dilma Rousseff e quer aprofundar parceria estratégica com o Brasil
· Jornal Le Monde diz que Dilma ganhou graças ao apoio de Lula da Silva
· Eleições internas da UMP plebiscita Paulo Marques
· Dominique Straus-Kahn nomeou António Borges para Diretor do Departamento europeu do FMI

Comunidade:
· Gabinetes de Apoio ao Emigrante nas Câmaras Municipais ainda são desconhecidos dos emigrantes
· Sainte Consorce tenciona geminar-se com Fornos de Algodres
· Cônsul de Portugal em Lyon esteve na Festa portuguesa em Brignais
· Colóquio da Santa Casa da Misericórdia de Paris constata “bolsas de exclusão e pobreza” entre Portugueses de França
· Três crianças francesas estão ilegalmente retidas no Brasil segundo o pai das crianças, um francês da Alsácia
· Brasileiros do exterior vão eleger os seus representantes
· Conselho Permanente do Conselho das Comunidades reúne-se em Lisboa esta semana
· Soldados Portugueses da Primeira Guerra mundial vão ser homenageados pela Mairie de Paris 14
· Português Arménio Ribeira quer tatuar o corpo inteiro

Empresas:
· Rafael dos Santos Gonçalves, procura alguém para retomar a sua empresa

Ensino:
· Embaixador de Portugal considera que a promoção da língua é agora mais consistente em França
· Orçamento do Instituto Camões pode impedir alargamento da rede do português no estrangeiro
· Instituto Camões quer consolidar e racionalizar a rede de português no estrangeiro

Cultura:
· Livro de Júlio Magalhães foi apresentado no Consulado Geral de Portugal em Paris por Manuel Luís Goucha
· Céline Ventura Teixeira, especialista de azulejos portugueses e espanhóis
· Sucesso em França para o filme “Os Mistérios de Lisboa” de Raúl Ruiz
· Mário Moita vai apresentar Fado ao Piano em Toulouse
· Rita, cantora brasileira de Clermont-Ferrand quer voltar aos palcos
· Exposição do brasileiro Ramiro Magalhães em Villejuif
· Surrealistas portugueses voltar a estar expostos na Dorothy’s Gallery em Paris
· Gulbenkian de Paris organiza Seminário interdisciplinar sobre o Islão
· Exposição “Angola, figures de pouvoir” no Museu Dapper, em Paris
· Concerto do português “One Man Hand” em França
· Exposição de Nuno de Matos passa por Paris antes de seguir para Berlim

Medias:
· Radio Trait d’Union de Lyon anuncia sete horas de programas por semana em língua portuguesa

Associações:
· Cônsul-Geral de Portugal em Paris organizou encontro com movimento associativo da região de Rouen
· Grupo folclórico Ronda Típica de Chalette-sur-Loing comemorou 30° aniversário

Desporto:
· Cap Vers les Etoiles: Partida do catamarã foi atrasada para as irmãs Ribeiro Tavares
· Equipa feminina de ténis de mesa da Madeira ganhou em Grand Quevilly graças ao forte apoio da Comunidade portuguesa
· Seleção de Portugal humilhada pela França no último jogo do Torneio do Val de Marne Sub-16
· Futsal: Sporting Club de Paris venceu derby parisiense face ao Garges
· Equipamentos Skipa é novo parceiro da equipa do Lusitanos de Saint Maur
· Três jogadores portugueses no Poitiers Volley vieram ganhar ao Paris Volley
· Taça de França: Créteil/Lusitanos eliminou equipa de escalões inferiores
· Paulo Machado renovou contrato com Toulouse
· Torneio de ténis de Montpellier: Frederico Gil eliminado por Jo-Wilfried Tsonga

Opinião:
· “Obrigado Georges Frêche” por Tito Livio Mota, Presidente da associação Casa Amadis de Montpellier
· “Desta é que vai, a crise vai acabar” por Aurélio Pinto, Secretário da secção do PS português de Paris

Portugal é o 4.º país com mais empresas inovadoras

Os dados são do Eurostat. Na União Europeia, Portugal fica apenas atrás de Alemanha, Luxemburgo e Bélgica

Os dados referem-se ao sexto inquérito da Comunidade à Inovação conduzido entre 2006 e 2008 pelo Eurostat, onde é referido que 51,6 por cento das empresas dos 27 países da União Europeia declararam inovação nas suas práticas de trabalho.

No período de referência, Portugal teve 57,8 por cento de empresas a declararem inovação, valor que fica atrás do da Alemanha (79,9 por cento), Luxemburgo (64,7 por cento) e Bélgica (58,1 por cento).

Do total de 51,6 por cento das empresas que tiveram actividade inovadora entre 2006 e 2008, 34,2 por cento cooperaram com outras empresas, número superior ao verificado em Portugal no mesmo período (28,4 por cento).

Râguebi: Errol Brain quer superar o "maior desafio da carreira" e levar Portugal ao Mundial 2015


Lisboa, 10 nov (Lusa) – A qualificação para o Mundial 2015 é o “maior desafio da carreira” do novo selecionador português de râguebi, o neozelandês Errol Brain, que aceitou abandonar umas das maiores potências da modalidade para tentar fazer renascer os ‘Lobos’.

Aos 42 anos, Errol Brain trocou a sua terra natal da Nova Zelândia, umas das nações mais fortes do ‘planeta oval’, por Portugal, um país onde a modalidade ainda é composta por jogadores amadores.

“Sei que são amadores, mas a atitude tem sido muito profissional. Isso é o que é necessário. Se não acreditasse no apuramento de Portugal para o Mundial2015 (Inglaterra), não estaria aqui. É um desafio muito grande que vou ter pela frente, mas acredito que vamos conseguir”, afirmou Brain à agência Lusa.

O novo líder dos ‘Lobos’ explicou que aceitou o convite da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) por ser uma “oportunidade única” de treinar uma seleção, mas admitiu que sente alguma pressão em suceder ao técnico Tomaz Morais, que, durante os nove anos em que ocupou o cargo, venceu o Torneio Europeus da Nações (2004) e levou Portugal pela primeira a um Campeonato do Mundo (França 2007).

“Acredito que tenho a capacidade para fazer um bom trabalho. Sinto um pouco de pressão, claro, ele (Tomaz Morais) é uma pessoa fantástica e sei que tenho uma enorme responsabilidade pelo que aconteceu antes de mim. Ele tem dado muito apoio e a minha relação com ele é excelente”, revelou Errol Brain.

O antigo capitão dos ‘New Zealand Maori’, uma lendária equipa neozelandesa formada apenas por jogadores com sangue Maori, está em Lisboa desde o final de outubro e para já mostra-se “muito satisfeito” com o que encontrou na capital lusa.

“Tenho estado muito ocupado a tentar perceber como tudo funciona aqui e também a preparar já os três jogos internacionais que vamos ter. As condições de treino são boas, com bons relvados e temos tudo o que precisamos”, disse o técnico, confessando o desejo de aprender a falar português.

Brain, que mede 1,92 metros e pesa mais de 110 quilos, considerou que os jogadores portugueses são “fisicamente menos poderosos” do que o típico atleta neozelandês e que essa será uma área “a trabalhar na equipa”.

“Não podemos mudar a genética. Tenho consciência disso. Temos que apostar em tornar a equipa mais forte fisicamente, mas também devemos ter um estilo de jogo que seja o ideal para o tipo de jogadores que temos”, defendeu o treinador.

A estreia e o primeiro grande teste de Errol Brain, que assinou um contrato de três anos com a FPR, será no sábado frente ao Estados Unidos, naquele que será o primeiro de três jogos particulares que Portugal vai realizar em novembro.

“Vamos entrar em campo com um simples objetivo que é jogar râguebi. Temos que entrar em campo com uma atitude positiva e mostrar o nosso jogo. Claro que vamos fazer erros porque vamos colocar os jogadores em situações novas e em que não estão habituados”, concluiu.

Além da seleção norte-americana, os ‘Lobos’ vão também defrontar a Namíbia (20) e o Canadá (27), na sua habitual casa, o Estádio Universitário de Lisboa.