2 de novembro de 2010

Lido no DN : Rede Internacional do Património Mundial de Origem Portuguesa nasceu hoje em Coimbra


A Rede Internacional do Património Mundial de Origem ou Influência Portuguesa (WHPO na sigla original) foi hoje formalmente constituída em Coimbra por especialistas e representantes de 24 países.

A criação da rede foi formalizada com a Declaração de Coimbra, documento assinado pelos participantes, à excepção de Macau, na II Reunião Internacional da WHPO, que decorreu entre sábado e hoje na Universidade de Coimbra.

A não subscrição do documento pelos participantes macaenses na reunião ficou a dever-se apenas ao facto da especificidade do estatuto daquele território exigir procedimentos ainda não totalmente resolvidos, disse à Agência Lusa um elemento da organização do encontro.

Angola, Argentina, Benim, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Gana, Gâmbia, Guiné-Bissau, Holanda, Índia, Irão, Malta, Marrocos, México, Moçambique, Paraguai, Quénia, Senegal, Sri Lanka, Tanzânia, Timor Leste, Uruguai e Portugal são os países cujos representantes subscreveram a Declaração de Coimbra.

Etiópia e São Tomé Príncipe não subscreveram a constituição da WHPO, pois não participaram na reunião (ao contrário do que estava previsto), por razões de saúde do seu representante, no primeiro caso, e dificuldades de viajar para Portugal dos especialistas são-tomenses, adiantou a mesma fonte.

A rede de cooperação WHPO será dirigida, a partir de agora, por "uma comissão instaladora", coordenada pela brasileira Rosina Parchem e composta ainda por Aboulkacem Chebri(Marrocos), Emanuel Caboco (Angola), Hassan Arero (Quénia) e Shivananda Rao (Índia).

O mandato desta comissão terá a duração "máxima de três anos", período durante o qual deverá ser realizada a terceira reunião internacional da WHPO, no Brasil.

A constituição desta rede prova "a impossibilidade de hoje falarmos de lugares distantes, remotos" disse à Lusa o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, que participou, em representação do governo português, na sessão de encerramento da reunião.

"Nesta era da globalização, encontramos novas pontes, honrando o passado e projetando o futuro", acrescenta o governante, sublinhando que o património de origem ou de influência portuguesa "não é nosso", é dos países onde ele foi incorporado, mas, "é sobretudo nosso, do mundo, da humanidade".

A rede WHPO e o processo da sua formação "não tem apenas a ver com o passado" e é também um meio de perspectivar caminhos para o futuro, pois, além do mais, é um "elo potenciador dos elos entre estes países", pelo menos, sustentou Cravinho.

A rede WHPO visa, essencialmente, "promover a cooperação entre países com património de influência cultural e histórica portuguesa, contribuindo para o conhecimento e a boa gestão de todos os sítios, com destaque para os que integram ou possam vir a integrar a Lista do Património Mundial da Unesco", afirma a Declaração de Coimbra, que abre com 'Poema Mestiço', de Mia Couto, e cita Fernando Pessoa e o senegalês Léopold Senghor.

Tendo como principal objetivo a formalização da constituição da WHPO, a II Reunião Internacional sobre o Património Mundial de Origem Portuguesa foi organizado pela Universidade de Coimbra, Comissão Nacional Portuguesa da Unesco, Ministério da Cultura, Icomos Portugal (Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios) e Turismo de Portugal.