Para sermos infectados com o Plasmodium falciparum (a mais perigosa das espécies que causam malária no Homem) é necessário sermos picados pelo mosquito Anopheles. Durante as suas experiências, o cientista Miguel Prudêncio também foi picado pelos mosquitos, o que o levou a pensar em testar uma vacina com o Plasmodium berghei, a espécie de parasita com que trabalha e que ataca os ratinhos mas não causa infecção nos humanos.
“A primeira coisa que se pergunta é se isto não vai fazer mal?”, disse ao PÚBLICO Prudêncio, investigador no Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa. Maria Mota, investigadora principal do grupo onde o cientista trabalha, lembrou-se de um transgénico do P. berghei que tem um gene do parasita que ataca os humanos.
Sabe-se que in vitro, o P. berghei consegue penetrar nas células do fígado humanas – as primeiras que são atacadas quando o mosquito liberta os parasitas na nossa corrente sanguínea. Mas ao contrário do P. falciparum, o P. berghei não se multiplica e não infecta as células do sangue.
A estirpe transgénica tem um gene que codifica uma proteína que existe à superfície do parasita e que aparece só durante a fase do fígado e tem o potencial de acordar o nosso sistema imunológico. “O que nos interessa é se durante a fase do fígado [o P. berghei] desperta uma reacção imunológica que vai conferir imunidade para uma infecção subsequente”, disse o cientista.
Se o P. berghei não fosse transgénico a reacção imunológica serviria apenas contra um parasita que por si não causa a doença. Mas este transgénico está “mascarado” com uma proteína do P. falciparum. “Esperamos que o P. berghei desencadeie uma reacção imunitária que vai proteger de uma infecção posterior com o P. falciparum.” Ou seja, uma vacina.
A ideia foi bem recebida pelos júris da Fundação Bill e Melinda Gates. Este ano, para a quinta edição da Grand Challenges Explorations, a fundação pediu ideias que contribuíssem para erradicar a malária. Candidataram-se 2400 projectos, só 65 é que receberam as bolsas de cem mil dólares (72 mil euros), dois dos quais estes portugueses. Cada projecto tem que ser testado entre seis meses e ano e meio, se resultar a fundação injecta fundos a sério, no valor de um milhão de dólares.
Para sermos infectados com o Plasmodium falciparum (a mais perigosa das espécies que causam malária no Homem) é necessário sermos picados pelo mosquito Anopheles. Durante as suas experiências, o cientista Miguel Prudêncio também foi picado pelos mosquitos, o que o levou a pensar em testar uma vacina com o Plasmodium berghei, a espécie de parasita com que trabalha e que ataca os ratinhos mas não causa infecção nos humanos.
“A primeira coisa que se pergunta é se isto não vai fazer mal?”, disse ao PÚBLICO Prudêncio, investigador no Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa. Maria Mota, investigadora principal do grupo onde o cientista trabalha, lembrou-se de um transgénico do P. berghei que tem um gene do parasita que ataca os humanos.
Sabe-se que in vitro, o P. berghei consegue penetrar nas células do fígado humanas – as primeiras que são atacadas quando o mosquito liberta os parasitas na nossa corrente sanguínea. Mas ao contrário do P. falciparum, o P. berghei não se multiplica e não infecta as células do sangue.
A estirpe transgénica tem um gene que codifica uma proteína que existe à superfície do parasita e que aparece só durante a fase do fígado e tem o potencial de acordar o nosso sistema imunológico. “O que nos interessa é se durante a fase do fígado [o P. berghei] desperta uma reacção imunológica que vai conferir imunidade para uma infecção subsequente”, disse o cientista.
Se o P. berghei não fosse transgénico a reacção imunológica serviria apenas contra um parasita que por si não causa a doença. Mas este transgénico está “mascarado” com uma proteína do P. falciparum. “Esperamos que o P. berghei desencadeie uma reacção imunitária que vai proteger de uma infecção posterior com o P. falciparum.” Ou seja, uma vacina.
A ideia foi bem recebida pelos júris da Fundação Bill e Melinda Gates. Este ano, para a quinta edição da Grand Challenges Explorations, a fundação pediu ideias que contribuíssem para erradicar a malária. Candidataram-se 2400 projectos, só 65 é que receberam as bolsas de cem mil dólares (72 mil euros), dois dos quais estes portugueses. Cada projecto tem que ser testado entre seis meses e ano e meio, se resultar a fundação injecta fundos a sério, no valor de um milhão de dólares.
No Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), onde a equipa de Miguel Soares trabalha, já começaram as experiências. O projecto do cientista brinca com uma característica humana. “Cinco por cento dos nossos anticorpos são contra um açúcar muito específico, [que não produzimos]. Sabemos que esses anticorpos são altamente violentos porque se pusermos uma célula na nossa circulação que expresse esse açúcar, estes anticorpos matam a célula em dois minutos”, explicou Soares.
A produção deste anticorpo ou dá-se naturalmente ou, e segundo Miguel Soares esta é a hipótese mais provável, porque estamos expostos aos açúcares. “As bactérias na flora intestinal expressam de uma maneira ou outra esta molécula e estamos constantemente a produzir este anticorpo”, revelou o cientista.
O Plasmodium da malária tem este açúcar à superfície quando é injectado no sangue pelo mosquito até chegar ao fígado. Miguel Soares quer testar se estes anticorpos humanos atacam ou diminuem a percentagem de sucesso dos parasitas que entram no nosso corpo.
O investigador não sabe. “Sabemos que nos humanos estes anticorpos demoram três a cinco anos a chegar ao nível máximo”, explicou o cientista. “As crianças até aos cinco anos são as que morrem mais de malária [entre um e dois milhões por ano], se calhar morrem porque não têm esses anticorpos que estão a proteger.” Se a hipótese de Soares for comprovada, poderá trazer consequências na profilaxia da malária para os mais novos.
O projecto também tem a parceria de Henrique Silveira que produz os parasitas no Instituto de Higiene e Medicina Tropical.