Lisboa, 07 mai (Lusa) – “A Mulher que Amou o Faraó” assinala a estreia da historiadora Maria Helena Trindade Lopes no romance, concretizando assim “um sonho adiado”.
Em declarações à Lusa, a investigadora afirmou que chegou a projetar ser escritora e todos os professores vaticinavam-lhe um futuro literário que a carreira académica na área da História e da Arqueologia adiou.
“Este livro concretiza um sonho adiado, aproveitei o facto de estar de licença sabática e entre março do ano passado e setembro escrevi-o, depois foi só limar as arestas”, contou a autora sobre a obra que vai ser apresentada na quinta-feira, em Lisboa.
A ação passa-se num período atípico da história do Antigo Egito, quando o Faraó Amenhotep IV, casado com “a bela Nefertiti”, impõe uma religião monoteísta em oposição à prática oficial politeísta, o que duraria apenas no seu reinado, pois os egípcios voltariam ao politeísmo.
A escolha deste período foi “por ser um momento único da História do Egito e era importante torná-lo mais conhecido do grande público”, afirmou a autora.
“Depois da ‘revolução de amarna’ [como é referenciada a mudança oficial de religião] as coisas não voltaram a ser como eram. Um dos reflexos é que os egípcios passaram a ter uma maior piedade pessoal, isto é passaram a consagrar-se mais a uma divindade da sua eleição e não a todo o panteão”, explicou a historiadora.
Referindo-se ao romance - o primeiro de uma série de três -, como revelou à Lusa, a historiadora afirmou que escolheu “uma intriga de amor muito marcada pela sensualidade”.
“É uma história de amor que pretende retratar como se amava no Antigo Egipto, que era de uma forma mais sensual, erótica e carnal”, esclareceu a historiadora.
Segundo Helena Trindade Lopes, no Antigo Egito “havia uma grande liberdade e uma relação aberta com o corpo, o que deriva da relação que [os egípcios] tinham com a natureza”.
“Amavam de uma forma livre e de cabeça aberta”, disse a historiadora, acrescentando: “o erotismo e a sensualidade eram marcas determinantes naquela sociedade”.
“Todas as raparigas eram educadas no harém do palácio ou do templo e eram educados nesses valores e nessa forma de estar e de ser, erótica e sensual”, referiu.
Ísis é a personagem principal num romance em que as principais personagens são femininas, uma opção da autora no sentido de “dar a entender como a mulher tinha um papel destacado na sociedade egípcia, o que não acontecia noutras sociedades contemporâneass como a mesopotâmica e a hebraica”.
“Como mulher é-me também mais fácil trabalhar e delinear uma personagem, é o meu mundo, o mundo feminino dos sentimentos e das emoções”, acrescentou.
Para Helena Trindade Lopes, a única portuguesa que dirige um projeto de escavações arqueológicas no Egito (Palácio de Apriés, em Mênfis) desde 2000, “o prazer de escrever só é comparável” ao que tem com o projeto no Egito.
“A Mulher que Amou o Faraó” é apresentado na próxima quinta-feira, pelas 18:30, em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia, em Belém, pelo embaixador do Egito em Portugal, Hamdi Sanad Loza, e pelo jornalista João Céu e Silva.
No próximo domingo, a partir das 18:00, a autora estará na Feira do Livro, no pavilhão da Esfera dos Livros, para autografar a obra e conversar com os leitores.
Maria Helena Trindade Lopes tem várias outras obras publicadas na área da arqueologia e da história, entre elas “Livro dos Mortos do Antigo Egito” e “O Egito Faraónico – Guia de Estudo”.