5 de maio de 2011

Design: Cartaz de português é um dos vencedores do concurso "Fight Poverty" e está exposto em Itália


Lisboa, 05 mai (Lusa) - Um cartaz com dois garfos e duas mãos do designer João Borges é um dos vencedores de um concurso internacional contra a pobreza e está exposto, a partir de hoje, no festival Tec Art Eco, em Lugano, Itália.

O cartaz, que apela à "racionalização do consumo", foi um dos 10 vencedores na categoria de design gráfico do concurso internacional “Fight Poverty – Design for social and human rights” 2010, promovido pela Associação Italiana para a Comunicação Visual (AIAP), acrescentou João Borges.

O concurso destinava-se a eleger dez trabalhos na categoria de design gráfico e outros tantos na de design industrial, segundo consta do sítio da AIAP na internet.

No âmbito da campanha “Fight Poverty”, o cartaz de João Borges continua patente na sexta-feira e no sábado naquele certame em Lugano e, no dia 12, será mostrado em Milão, num seminário subordinado ao tema “O Social e a Ética na Comunicação”.

“A sustentabilidade, a ação social e a luta contra a pobreza são áreas em que gosto muito de trabalhar, além de que o design está muito ligado à racionalização dos recursos e, consequentemente, a questões como o consumo, o excesso deste ou a pobreza", disse João Borges.

Cruzar “o simbolismo da mão e do garfo que são usados para suprir carências, mas também para desperdiçar” é, segundo o autor, a mensagem do trabalho onde inscreveu frases como “The fight against poverty starts with the strike against excess and waste” (A luta contra a pobreza começa com o combate ao excesso e desperdício) e “Wasting is the fastest way to run out the world´s ressources” (Desperdiçar é a forma mais rápida de esgotar os recursos do planeta).

Dos restantes vencedores daquela categoria, seis dão oriundos do Canadá e quatro são europeus: um da Grécia, um da Irlanda e outro da Croácia.


Um "poster" com fundo vermelho onde figura um rosto a negro com uma fatia de pão a ocupar parte do cérebro e outro com um círculo com pigmentos amarelos e vermelhos, semelhante aos que se usam em testes de visão, em que a verde se lê “Poverty”, constam dos vencedores daquela categoria.

Os premiados na categoria de design industrial foram cinco designers da República da Coreia, três de Itália, um da Alemanha e um da Nova Zelândia.

Para João Borges, é “sintomático” que o maior número de vencedores em design industrial seja da Ásia, por este ser um continente "mais ligado à racionalização de objetos ligados à indústria”.

Já sobre entre os vencedores design gráfico estarem criadores de Portugal, Irlanda, Grécia e Croácia, o autor admite tratar-se de uma questão a que "não será alheio o contexto económico e as dificuldades com que esses países se estão a confrontar".

“Atualmente, os países do Mediterrâneo estão mais ligados à mensagem até porque se vivem tempos difíceis”, observou.

Nascido no Porto em 1965, João Borges é licenciado em Design de Comunicação. Em 2009 editou um projeto de fusão entre música e design em parceria com Mário Laginha.

Sem recompensa monetária pelo concurso “Fight Poverty”, o designer diz que o que lhe interessa “não é o dinheiro, mas criar ideias e memórias” não negando, porém, que os prémios lhe trazem “visibilidade”.