Lisboa, 11 mai (Lusa) - O Prémio AICA/Parque Expo de Crítica de Arte 2010, no valor de dez mil euros, foi atribuído por unanimidade a José Gil, pelo ensaio "A arte como linguagem: A “última lição”, anunciou hoje a organização.
O objetivo do prémio, instituído em 2009 pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e a Parque Expo, é reconhecer anualmente o mérito, a relevância e o contributo cultural, didático e científico de trabalhos publicados em Portugal na área da Crítica de Arte e/ou de Crítica de Arquitetura.
Na escolha do premiado, segundo o júri, pesou "a demonstração de um raciocínio crítico organizado a partir de conhecimentos muito sólidos que representam uma vida de atenção à arte. A fundura do olhar e a clareza da escrita de José Gil, conduzem-nos, com este texto, à compreensão da arte contemporânea segundo novas perspetivas".
Filósofo, ensaísta e professor universitário, José Gil nasceu em Moçambique, em 1939, e licenciou-se em filosofia, em 1968, na Universidade de Paris, depois de ter abandonado os estudos de matemática, na Universidade de Lisboa.
Regressou a Portugal em 1976 para ser adjunto do secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica e tornou-se depois professor auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde lecionou Estética e Filosofia Contemporânea.
Lecionou a última aula como professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa a 10 de março de 2010. Tem uma vasta obra publicada, entre ela o livro "Portugal, Hoje. O Medo de Existir" (2004).
Também por unanimidade, o júri decidiu atribuir uma menção honrosa ao crítico Delfim Sardo, pelo seu trabalho curatorial à frente da Trienal de Arquitetura de Lisboa 2010, "atendendo à riqueza e diversidade críticas atingidas e às múltiplas visões e leituras propostas e permitidas pelo evento".
O júri destacou ainda o ensaio de Delfim Sardo intitulado "Estranhar”, publicado no catálogo da exposição de João Queiroz, "Silvae", patente na Culturgest, em Lisboa, em outubro de 2010, "pela grande fluência erudita bem como pela exaustão na busca de sentido em relação à obra analisada".
O júri do Prémio AICA/Parque Expo de Crítica de Arte 2010 foi composto pelo atual presidente da secção portuguesa da AICA, Manuel Graça Dias, que também presidiu, pelo crítico da área das artes visuais João Miguel Fernandes Jorge e pelo crítico da área da arquitetura José Manuel Fernandes.
O ensaio premiado "A arte como Linguagem: A “última lição", é uma edição da Relógio d’Água (2010).
De acordo com o regulamento do prémio, José Gil, não sendo membro Secção Portuguesa da AICA, será convidado a integrá-la.
O galardão será atribuído numa cerimónia conjunta com a entrega dos Prémios AICA/Ministério da Cultura relativos também a 2010, atribuídos a Lourdes de Castro, na categoria das artes visuais, e Francisco Castro Rodrigues, na área da arquitetura.
O primeiro galardão AICA/Parque Expo de Crítica de Arte foi atribuído pela primeira vez em 2009 a Sandro Araújo e Pedro Mesquita, respetivamente, o autor e o realizador do documentário "Paredes Meias" (Produção Muzzak/Cinemactiv, em co-produção com RTP, 2009).
Nesse ano, foram ainda atribuídas duas menções honrosas pela relevância do trabalho produzido em 2009: uma ao crítico de artes visuais Paulo Pires do Vale e outra ao crítico de arquitetura, Nuno Grande.