Francisco Ribeiro, fundador dos Madredeus, morreu hoje, vítima de cancro. Nos Madredeus até 1997, o violoncelista editou o seu primeiro a solo, “Desiderata – a Junção do Bem”, em Dezembro de 2009.
Em 1997, Francisco Ribeiro abandonou os Madredeus para completar a sua formação musical em Inglaterra. Longe do olhar público, o violoncelista regressou a Portugal em 2006 e, em Dezembro de 2009, ressurgiu em primeiro plano com a edição de “A Junção do Bem”, o primeiro álbum do seu projecto Desiderata. “O caminho que percorri [nos últimos anos] é o do autoconhecimento. Foi isso que tive de fazer quando me retirei do país. Quase um retiro espiritual que a música [de 'A Junção do Bem'] reflecte”, afirmou então em entrevista ao ÍPSILON. Francisco Ribeiro morreu hoje, depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro no fígado.
Um dos membros fundadores dos Madredeus, participou como instrumentista e compositor nos álbuns “Os Dias da Madredeus”, “Existir”, “O Espírito da Paz” e “Ainda” e viveu o período de maior fulgor do grupo, quando este se afirmou não só como nome fulcral da música portuguesa, mas também como destaque nos palcos internacionais. Foi o seu período de “rock'n'roll e muita euforia”, recordava em Dezembro do ano passado. Abandonaria os autores de “O pastor” para reiniciar e concluir em Bath, Inglaterra, os estudos académicos de música que a intensa actividade do grupo interrompera.
Já de regresso a Portugal, gravou “Desiderata: A Junção do Bem” com a Orquestra Nacional do Porto, dirigida pelo maestro britânico Mark Stephenson. O álbum, em que colaboraram as cantoras Filipa Pais, Natália Casanova e Tanya Tagaq, o fadista José Perdigão e o guitarrista José Peixoto (também um ex-Madredeus), era visto pelo seu autor como uma digressão interior com um ponto em comum a todas as músicas, “o amor”, “a linguagem universal.”
“Desiderata” teve como mote o poema com o mesmo título do americano Max Ehrmann. Os seus primeiros versos surgiam, de resto, destacados no CD: “Vai placidamente no meio do barulho e da confusão, lembrando-te de quanta paz existe no silêncio.”