16 de outubro de 2010

Lido no Sol : José Hermano Saraiva reconhecido pela Academia como 'grande divulgador' da História

A Academia Portuguesa da História distingue quarta-feira José Hermano Saraiva, 91 anos, como «grande divulgador» da História de Portugal e elege-o académico de mérito.

«A Academia achou que nesta sua idade, era bonito, agradável, marcar um momento de confraternização com um homem que fez muitos portugueses conhecer a História de Portugal», explicou à Lusa a presidente da Academia Portuguesa da História (APH), Manuela Mendonça.

Questionado sobre a homenagem, José Hermano Saraiva afirmou que não o surpreendeu limitando-se a afirmar: «Quando se tem a minha idade é o que acontece».

Manuela Mendonça sublinhou que José Hermano Saraiva «levou com simpatia e palavras de agrado os portugueses a interessarem-se mais pela sua própria História».

Membro «há muitos anos» da Academia, José Hermano Saraiva receberá o colar académico, após a historiadora Maria do Rosário Themudo Barata usar da palavra.

Na sessão extraordinária está também previsto que José Hermano Saraiva faça uma comunicação.

Natural de Leiria, José Hermano Saraiva notabilizou-se nas quatro últimas décadas através de programas televisivos sobre História.

Licenciado em Histórico-Filosóficas (1941) e em Ciências jurídicas (1942), exerceu advocacia e foi professor do ensino secundário.

Entre outros cargos públicos que exerceu antes do 25 de Abril de 1974, como o de director do Instituto de Assistência aos Menores, foi ministro da Educação entre 1968 e 1970, qualidade na qual inaugurou a Biblioteca Nacional de Portugal.

Tendo sido substituído por Veiga Simão na pasta da Educação, após a crise académica de 1969, foi designado embaixador de Portugal em Brasília, em 1972.

Foi ainda deputado à Assembleia Nacional e procurador à Câmara Corporativa.

A colaboração com a RTP começou na década de 1970 com o programa O tempo e a alma. Foi ainda autor e apresentador de Histórias que o tempo apagou, Horizontes da Memória e A Alma e a Gente.

Um dos seus livros mais conhecidos é a História concisa de Portugal já na 25.ª edição, com um total de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978, este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês.

José Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, editada em 1981 pelas edições Alfa.

Na área da História, José Hermano Saraiva tem publicados cerca de 20 títulos, entre eles Uma carta do Infante D. Henrique, O tempo e alma, Portugal - Os últimos 100 anos, Vida ignorada de Camões, ou Ditos portugueses dignos de memória.

Na área da jurisprudência editou sete títulos, nomeadamente A revisão constitucional e a eleição do Chefe do Estado, Non-self-governing territories and The United Nation Charter e Apostilha crítica ao projecto do Código Civil, tendo ainda publicado cinco títulos na área da pedagogia.

José Hermano Saraiva apresentou à APH várias orações académicas, tendo sido publicadas sete, a mais recente em 1988, intitulada A crise geral e a Aljubarrota de Froyssar.

Além da APH, José Hermano Saraiva é também membro das academias das Ciências de Lisboa, de Marinha e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, tendo sido distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).