3 de junho de 2011

Arquitetura/Pritzker: "Arquitetura é recurso nacional e exporta marca Portugal"

Lisboa, 03 jun (Lusa) – A arquiteta Helena Roseta afirmou hoje que “a arquitetura portuguesa é um recurso nacional e exporta a marca Portugal”, referindo-se ao discurso de Souto de Moura na cerimónia em que recebeu o Prémio Pritzker 2011.

A atual vereadora da Câmara de Lisboa disse ainda que Eduardo Souto de Moura “tocou” numa questão importante que foi numa altura de crise (o pós 25 de abril de 1974) a arquitetura portuguesa ter encontrado uma “marca de origem”.

“A seguir ao 25 de abril [de 1974] faltavam meio milhão de casas e tiveram que construir de uma forma simples clara e paradigmática e isso influenciou toda a nossa arquitetura”, disse a ex-presidente da Ordem dos Arquitetos.

Na sua opinião, essa necessidade sentida após a Revolução dos Cravos, “retomou a linguagem de estilo moderno da arquitetura de uma forma muito mais simples, direta e depurada, com materiais do local, em que Siza Vieira foi pioneiro”.

“Isso – prosseguiu - é uma marca de origem que o Souto Moura reconhece e que lhe permitiu chegar a um Pritzker e é um exemplo para hoje em que também se atravessa uma crise e podemos encontrar na arquitetura motivos para sair dela”.
Referindo-se às declarações de Souto de Moura sobre a necessidade de os arquitetos portugueses terem que emigrar, Helena Roseta afirmou que “sempre que a arquitetura portuguesa emigra leva a marca Portugal”.

“É negativo porque o mercado de trabalho está difícil, mas quando [a arquitetura] emigra leva a marca de Portugal com ela. Temos uma influência na arquitetura mundial muito superior à escala do país”, sustentou.

A arquiteta afirmou-se ainda “satisfeita” por ter estado com Souto Moura no “combate pela alteração legislativa que permite que só os arquitetos possam assinar projetos”.

Souto de Moura recebeu hoje de madrugada, em Washington, o Prémio Pritzker 2011, considerado o Nobel da arquitetura.

O arquiteto evocou as suas raízes na arquitetura, ao lado de Siza Vieira, o primeiro Pritzker português, no pós-25 de Abril, e a forma como a realidade do país de então acabou por ditar o seu trabalho e de outros colegas de profissão.