2 de fevereiro de 2011

Mirandês: Microsoft e linguistas juntam-se para preservar e divulgar a língua mirandesa

Miranda do Douro, 02 fev (Lusa) – A Microsoft, Instituto de Linguística Teórica e Computacional e a Associação de Língua Mirandesa têm em fase de desenvolvimento um projeto tecnológico “inovador” para preservar o ensino e divulgação da língua mirandesa.

A iniciativa junta peritos em software e linguística e vai permitir a quem escreve em mirandês ouvir “uma voz sintética naquela língua” ou, “a quem fala, ver a escrita reconhecida em texto para a mesma língua”.

O projeto é considerado como “fundamental”, quer para a investigação da língua mirandesa, quer para ensino e conhecimento da segunda língua oficial em Portugal, utilizando como ferramentas as mais recentes tecnologias de informação e comunicação.

Em declarações à Agência Lusa, o diretor de investigação da Microsoft Portugal, Miguel Sales Dias, disse que o projeto passa pela criação de um sistema de fala que reconheça o léxico fonético da língua mirandesa.

“Nós desenvolvemos tecnologias de base que serão utilizadas por quem desenvolve aplicações didáticas, para as disponibilizar depois a quem ministra o ensino do mirandês, quer na forma falada, quer na forma escrita”, especificou o investigador.

Os investigadores envolvidos no projeto acreditam que a tecnologia desenvolvida poderá ser utilizada para “melhorar” os modelos de ensino e divulgação do mirandês fora da sua área de influência (Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro).

“Os conteúdos desenvolvidos pela Microsoft são destinados a quem desenvolve aplicações, já que se constituem como um mecanismo de apoio à comunidade científica que se dedica ao estudo do mirandês. São recursos únicos que serão disponibilizados em modo livre”, adiantou Miguel Sales Dias.

Quando estas aplicações estiverem disponíveis, os falantes e estudiosos do mirandês vão poder verificar os resultados finais, já que, nesta altura, “os conteúdos apenas se destinam a investigadores na área do mirandês”.

Os primeiros demonstradores poderão estar disponíveis para a comunidade científica dentro de meio ano.

A médio prazo, os cerca de 500 alunos que estudam mirandês no Agrupamento de Escolas do concelho de Miranda do Douro poderão aplicar estas novas ferramentas nos seus computadores pessoais.

“As novas ferramentas podem ser aplicadas em todos os computadores que tenham o sistema operativo Windows,” adiantou responsável da Microsoft.

Na opinião dos investigadores, este é o primeiro e ao mesmo tempo um projeto “fundamental para manter viva” a língua mirandesa no mundo académico.

“Ao mesmo tempo, os falantes do mirandês passam a usufruir de avanços tecnológicos nas suas ferramentas de ensino. Estes recursos são inexistentes no seio da língua mirandesa. É um projeto que se encontra em fase de elaboração pela primeira vez em larga escala, com qualidade profissional”, concluiu Carlos Sales Dias.