18 de fevereiro de 2011

Literatura: Antologia “Poetas do Mediterrâneo” reúne poemas de 104 autores de 24 países e 17 línguas

Lisboa, 18 fev (Lusa) – O Mediterrâneo, considerado o berço da literatura, serviu de mote à organização de uma antologia de poesia que reuniu 104 poetas de 24 países, 17 línguas e cinco alfabetos e acaba de ser editada em Portugal.

Uma iniciativa do Instituto Francês e da Gallimard, uma das maiores editoras francesas, com o apoio de Marselha – Capital Europeia da Cultura 2013, esta antologia inclui oito poetas portugueses: Herberto Helder, Nuno Júdice, Vasco Graça Moura, António Ramos Rosa, Gastão Cruz, Ana Paula Inácio, Casimiro de Brito e Ana Marques Gastão.

“É uma antologia de poesia mediterrânica do século XX, os poetas representados estão todos vivos, excepto em dois ou três casos em que acabaram de morrer, como o [francês] Andrée Chedid, ou o [italiano] Edoardo Sanguinetti”, disse hoje à Lusa Emilie Bettega, adida para o Livro e Mediateca da Embaixada de França em Portugal.

O critério de escolha dos poetas representados nesta obra foi a existência de traduções para a língua francesa, quer publicadas, quer ainda inéditas em França, porque o objetivo era editar todos os poemas na língua original e em francês, explicou.

Com um prefácio do poeta francês Yves Bonnefoy e uma introdução da coordenadora da edição, Eglal Errera, a antologia agrupa os poetas por país de origem, embora estes não sigam a ordem alfabética.

Começa-se pela Grécia, a que se segue Chipre, Turquia, Síria, Líbano, Israel, Palestina, Egipto, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, e depois Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia e Macedónia.

Ao longo de quase mil páginas, podem ler-se poemas nos alfabetos grego, latino, hebraico, árabe e cirílico.

Lado a lado com poetas consagrados – já “clássicos do século XX” – estão outros “de uma tradição nossa desconhecida”, da Europa de leste, que importa ler, frisou Emilie Bettega.

“Talvez a novidade desta antologia seja dar a conhecer a poesia de países que, por razões históricas, não conhecemos, como a Sérvia, Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedónia”, apontou.

Para apresentar a obra, o Instituto Francês de Portugal aliou-se ao Instituto Cervantes, ao Instituto Italiano e à Casa Fernando Pessoa e organizou, em conjunto com estas entidades, ao longo desta semana, várias sessões com alguns dos poetas que integram a obra: os portugueses Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Ana Marques Gastão, Nuno Júdice e Vasco Graça Moura, o espanhol Jaime Siles, o italiano Valerio Magrelli e o francês Jean-Pierre Siméon.

A última delas realiza-se hoje ao fim da tarde, pelas 18:30, no Instituto Francês, em Lisboa, e contará com a presença de Valerio Magrelli, Jean-Pierre Siméon e Nuno Júdice, que lerão alguns poemas e debaterão aspetos relacionados com a poesia, como as dificuldades da tradução, da preservação do espírito, da métrica e da música da poesia, a tradução como traição, como reinvenção do poema ou criação de um outro.