Macau, China, 24 fev (Lusa) – A diversificação do português está a alargar o seu âmbito de existência e a formar um sistema muito mais amplo que vai projetar a língua no segundo milénio, defendeu a académica Inocência Mata, da Universidade de Lisboa.
A participar em Macau na conferência internacional “A Lusofonia entre encruzilhadas culturais”, Inocência Mata defendeu que a diversificação da língua “alarga o seu âmbito de existência e está a formar um sistema muito mais amplo e muito mais persistente, muito mais duradouro, muito mais enriquecido que vai projetar a língua portuguesa para o segundo milénio”.
“Parece paradoxal a formulação” (da sua comunicação) - “Estratégias de convergência na diversificação da língua portuguesa” – mas a académica, que recorreu a três escritores de tempos diferentes para sustentar a sua tese – os angolanos Uanhenga Xitu, Leondino Vieira e o moçambicano Mia Couto – defendeu que não são os escritores a “subverter” a língua, mas sim a “inscrever no sistema da língua portuguesa uma outra forma de dizer em português geografias culturais muito diferentes”.
“A língua portuguesa está a diversificar-se e na verdade é nessa diversificação que está a unidade da língua portuguesa e a riqueza da língua portuguesa”, disse.
O português, acrescentou, “está a ser enriquecido com uma fonte cultural existente em cada país” e o que os escritores fazem é “refratar esse processo de recriação da língua portuguesa” que cada povo está a fazer à sua maneira, com a sua cultura e também com os seus crioulos.