Lisboa, 30 dez (Lusa) - O Ministério da Cultura (MC) aplaudiu hoje a presença de produções portuguesas nas listas internacionais dos melhores filmes de 2010 e sublinhou o "inequívoco dinamismo que actualmente caracteriza o setor".
Em comunicado, a tutela congratulou-se com o facto de a revista New Yorker ter elogiado quatro filmes portugueses, dos realizadores Miguel Gomes, Pedro Costa, Manoel de Oliveira e Eugéne Green, e de a publicação francesa Cahiers du cinema ter eleito "Morrer como um homem", de João Pedro Rodrigues, entre os melhores estreados em França.
Este foi também o ano em que o jovem realizador Gabriel Abrantes venceu o Leopardo de Ouro de melhor curta-metragem em Locarno, "Mistérios de Lisboa", de Raul Ruiz, venceu o prémio Louis Delluc, e Pedro Costa viu a sua obra em retrospetiva no Japão, Estados Unidos ou França.
"Estes são alguns exemplos da qualidade e vitalidade do cinema português", escreveu o Ministério da Cultura.
Isto num ano em que produtores e realizadores portugueses assinaram um manifesto de apelo à ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, para uma "intervenção de emergência" face à situação de "catástrofe" em que vive o cinema português.
Vários agentes do setor, como Manoel de Oliveira, Pedro Costa, João Botelho e Pedro Borges, criticaram a paralisia do fundo de investimento FICA, as regras de atribuição de subsídios do Instituto do Cinema e Audiovisual e a situação de desinvestimento contínuo nos últimos anos.
Gabriela Canavilhas reconheceu as fragilidades do setor e prometeu uma nova lei do cinema, que anuncia agora em comunicado que deverá ser concretizada em 2011, ano que espera "igualmente fervilhante em termos de qualidade e de actividade nacional e internacional".
Quanto a medidas para o novo ano, o ministério tenciona ainda implementar uma rede nacional de exibição não comercial de cinema digital e a regulamentação do depósito legal das imagens em movimento.
Este ano estrearam-se nos cinemas cerca de vinte filmes de produção portuguesa, com "A bella e o paparazzo", de António-Pedro Vasconcelos, a conquistar mais espetadores (98 792), seguindo-se "Contraluz", de Fernando Fragata (83 724).
"Filme do desassossego", que o realizador João Botelho, levou em digressão pelo país fora do circuito comercial, foi visto desde setembro por 16 375.
"José & Pilar", de Miguel Gonçalves Mendes, foi o documentário mais visto nos cinemas, com 14 295 espetadores.