As conclusões do projeto Fire Paradox, investigação que aborda de forma integrada a temática do fogo florestal e coordenado pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), de Lisboa, vão ser hoje e sexta feira apresentadas em Freiburg, na Alemanha.
O projeto concluiu que "a utilização do fogo pode ser útil para a resolução do problema dos incêndios" e que deve ser adotada uma diretiva europeia ligada ao fogo, disse à agência Lusa Francisco Castro Rego, coordenador do Fire Paradox e docente no ISA.
"Como há uma diretiva da água ou dos resíduos, deve haver uma diretiva ligada ao fogo", defendeu, adiantando que esta é a proposta a apresentar hoje na Alemanha na divulgação dos resultados do projeto.
Segundo o investigador, a diretiva, que seria um enquadramento das actividades que cada país deveria adotar para regular o problema dos incêndios, tinha que conter as formas como o fogo pode ser utilizado contra os incêndios.
Francisco Castro Rego explicou que a utilização do fogo pode ser "benéfica" para a prevenção e combate aos incêndios florestais.
"A gestão integrada do fogo tem como elemento central a utilização do fogo na prevenção através do fogo controlado, no combate através do contra fogo e pode ser também pelo aproveitamento das práticas tradicionais do fogo", como as queimadas, sustentou.
De acordo com o docente do ISA, o uso do fogo em queimadas tradicionais tem que ser regulado para que possa ser utilizado como forma de prevenção.
O investigador adiantou que para evitar que os incêndios no verão atinjam grandes dimensões deve-se utilizar o fogo controlado durante o inverno.
Destacou o caso de Portugal, que desde 2005 tem dado "passos muito significativos", existindo já profissionais "muito bem treinados", embora tenha defendido um aumento do número de técnicos florestais.
Outra das práticas defendidas no projeto Fire Paradox é o uso do contra fogo durante os incêndios, técnica que exige, segundo Francisco Castro Rego, profissionais com experiência e conhecimento do comportamento do fogo.
Como exemplo, referiu o caso do Grupo de Análise e Uso do Fogo, equipa que existe em Portugal desde 2006.
O coordenador da investigação salientou que Portugal já começa a ser referido internacionalmente "como um bom exemplo" devido às técnicas que adotou para o combate e prevenção de fogos florestais, particularmente desde 2005.
No entanto, existem países europeus, como a Grécia, onde a utilização do fogo em combate e prevenção é completamente proibido, e a Itália, onde o seu uso é pouco comum.
A nível europeu existe esta "lacuna" de utilização do fogo como "elemento benéfico", disse, acrescentando que é por isso que será proposta uma diretiva europeia ligada ao fogo.
Iniciado em 2006, o projeto Fire Paradox, com 36 parceiros em 17 países europeus e mais cinco fora da Europa, pretende introduzir novas visões relativas ao uso do fogo, bem como novas estratégias e políticas de ação para uma gestão integrada de uso do fogo, a nível regional, nacional e europeu.
O Instituto Superior de Agronomia - escola de graduação e pós-graduação em Ciências Agrárias - está integrado na Universidade Técnica de Lisboa.