11 de fevereiro de 2010

Cinema: Documentário sobre emigração rodado em aldeia do Minho em ante-estreia na Cinemateca


Viana do Castelo, 11 fev (Lusa) - As estórias da emigração, com testemunhos recolhidos em seis "maisons" da pequena aldeia de Vascões, em Paredes de Coura, fazem o enredo do filme "A casa que eu quero", cuja antestreia decorre hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.

"O filme é o resultado das visitas que fizemos a seis casas de emigrantes dessa aldeia, guiadas pelos próprios proprietários. À medida que nos iam mostrando cada compartimento, iam desfiando memórias do tempo passado no estrangeiro", explicou à Lusa, uma das realizadoras.

Joana Frazão, que assina a realização conjuntamente com Raquel Marques, acrescentou que aquelas casas "são teto de muitas estórias", ligadas à emigração, como, por exemplo, a do marido que foi "a salto" para França.

Com 65 minutos de duração, o documentário mostra a casa fechada onde se pode brincar, as janelas que se abrem, a casa de pedra, um vestido de noiva, as plantas de que ninguém cuida durante meses, cabras, porcos e cavalos, os dias de chuva ou a piscina sem ser usada.

Fala ainda da casa na árvore por construir, dos frontões redondos que não deixaram fazer, dos colchões de pé para proteger da humidade, da casa construída há 30 e tal anos e da que ainda não está acabada.

"Os proprietários abrem-nos as portas da sua casa e, ao mesmo tempo, abrem-nos também o seu livro de memórias", refere Joana Frazão.

As realizadoras do documentário frisam que não se trata propriamente de um estudo do habitat introduzido por emigrantes numa aldeia do Alto Minho, mas antes, a pretexto da amostragem das casas, uma reflexão sobre o fenómeno da emigração.

"Faz todo o sentido pegar no tema da emigração pelas casas, porque, na realidade, a construção de uma habitação própria é, quase sempre, o primeiro motivo que levava e continua a levar os portugueses a ir trabalhar para o estrangeiro", referiu Joana Frazão.

A estreia de "A casa que eu quero" ainda não tem data marcada, mas os realizadores consideram que "será muito complicado" introduzir o filme nos circuitos comerciais, pelo que vão apostar em festivais e na televisão.