1 de outubro de 2009

Lusa : Portugal Fashion com "ventos positivos" em Paris









Paris, 30 Set (Lusa) - Uma “atitude positiva” com “alegria”, “movimento” e cores fortes marcou os três desfiles do Portugal Fashion Paris, quarta-feira, na capital francesa.

Felipe Oliveira Baptista, Luís Buchinho e Fátima Lopes foram os criadores apresentados no primeiro dia da Semana da Moda de Paris.

Os dois primeiros apresentaram as suas colecções no Musée de L’Homme, ao final da tarde.

Fátima Lopes encerrou o primeiro dia da Semana da Moda, apresentando a sua colecção, “Air”, no Salon des Miroirs, um espaço de espectáculos onde já tinha mostrado anteriormente as suas criações.

Uma “atitude positiva”, presente em três colecções refractárias à crise, marcou a presença portuguesa na “passerelle” parisiense.

“Não faz sentido que a moda esteja a mostrar tristeza. A roupa tem que ser pensada para valorizar e os artistas devem mostrar beleza, desenhar roupa que faça as pessoas sentir-se bem”, explicou Fátima Lopes sobre “Air”.

A estilista madeirense apresentou no Salon des Miroirs uma colecção inspirada em “ventos positivos”, “muito futurista mas com toques dos anos 1950, quase como uma Barbie desses anos”.

Os seus figurinos, acrescentou, bebem ao mesmo tempo nessa época de “elegância e feminilidade e ‘glamour’” das mulheres, sem deixar de ter “um lado coquette” que, disse Fátima Lopes, teve algo a ver com a escolha do local do desfile.

Os “ventos positivos” marcaram também esta colecção de Fátima Lopes por omissão e contraste, dado que vários elementos “típicos” das suas criações foram totalmente excluídos.

Azuis, rosas, amarelos,“sempre com um toque de prata”, definem uma colecção “onde o vento mergulha nas peças para lhes conceder forma e amplitude”, afirmou Fátima Lopes.

“Não tem preto nem branco. Tudo o que é evidente e normal do que eu faço aqui não há”, explicou a estilista no final do desfile.

Também Felipe Oliveira Baptista mostrou na Moda Paris “vestuário contente e positivo”, com a colecção que denominou “The Undefeated”.

Na “passerelle” do Musée de l’Homme, no Trocadéro, Felipe Oliveira Baptista fez desfilar peças que contrastam “um ambiente ‘bourgeois’ e uma atitude parisiense com a cultura ‘punk’ e influências clássicas inspiradas em estátuas gregas do Museu do Louvre e do British Museum”.

Traços de majorettes, notas “kitsch” e o ambiente das danças de salão integram também o “jogo de opostos” que orientou a colecção de Felipe Oliveira Baptista.

“A ideia da colecção Verão 2010 era um salto em frente, energético, divertido”, resumiu o estilista, que ontem se estreou na Semana do Pronto-a-Vestir.

Felipe Oliveira Baptista é uma presença regular na “passerelle” parisiense desde 2005 mas nas edições de Alta Costura, pela mão de Jean-Paul Gaultier e Hermès.

A colecção de Luís Buchinho, “Ritmos”, foi integralmente inspirada nas imagens subaquáticas das medusas.

“O movimento ondulante das medusas deu origem a uma colecção de balanços assimétricos”, que criam silhuetas ondulantes com o uso de plissados e plissados não estruturados, “voiles” e tafetás de seda, em azuis fortes, malva, rosa-flúor e laranja.

“Não me preocupa se isto segue uma tendência ou não. O laranja e o rosa são cores com que eu tenho trabalhado antes” e marcam de novo a colecção, explicou Luís Buchinho no final do desfile.

Os três estilistas portugueses concordam que Paris é a “melhor montra” para mostrar as suas colecções como frisou Felipe Oliveira Baptista, que se fixou em Paris há dez anos e obteve o aplauso da imprensa de moda internacional.

Fátima Lopes, que faz parte do calendário da Semana da Moda de Paris há onze anos, adiantou que, “em Paris, se se pára, perde-se o barco”.

“Cada um tem que procurar ser diferente, ser cada vez melhor, surpreender a imprensa especializada e fazê-la deslocar”, acrescentou Fátima Lopes.

O apoio continuado a criadores portugueses “compensa e é para reforçar”, afirmou, no final da noite, Rafael Alves Rocha, da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), responsável pelo Portugal Fashion.

“Este é o vigésimo Portugal Fashion. O primeiro era com desfiles colectivos. Percorremos uma grande distância com uma presença crescente. Vamos continuar a investir nos nossos criadores”, prometeu o responsável da ANJE.