Ponta Delgada, 06 Jan (Lusa) – A integração dos emigrantes portugueses nos EUA é de tal forma conseguida que começa a existir um afastamento das raízes nacionais, defendeu hoje Deolinda Adão, da Universidade de Berkeley, Califórnia, em declarações à Lusa em Ponta Delgada, Açores.
“A integração dos portugueses está boa demais e é tal que começa a haver um afastamento das raízes. O segundo grande fluxo de emigração portuguesa e, em particular, açoriana foi há 50 anos e estamos num momento em que realmente a separação começa a ser significativa”, afirmou a docente e coordenadora de estudos portugueses da universidade norte-americana.
Deolinda Adão, que participou num encontro promovido pela Universidade dos Açores sobre 'Regionalismo e Organização Política – A Europa, os Estados Unidos e a Relação Transatlântica', frisou que se atravessa “um momento importante e decisivo para a forma como a comunidade portuguesa vai continuar a existir ou não enquanto entidade dentro do espaço social americano”.
Na sua opinião, este afastamento de Portugal acontece porque “o número de emigrantes está a diminuir e o número de luso-descendentes está a aumentar".
"Os luso-descendentes estão cada vez mais afastados de Portugal do que estavam os emigrantes e isso vai fazer com que haja uma alteração nas comunidades”, afirmou, acrescentando que “a relação que a primeira geração nascida nos EUA tem com Portugal é uma relação ancestral e não uma relação de memória”.
Para Deolinda Adão, a comunidade portuguesa nos EUA está cada vez mais integrada porque não vive em 'guetos', sendo prova disso o facto de os portugueses estarem atualmente representados em quase todas as áreas temáticas do país.
“Um sinal claro de integração é que podemos ver portugueses em todas as áreas temáticas dos EUA, o que é muito bom e saudável. Nós só podemos ser bons portugueses se formos bons americanos, não podemos ter um 'gueto' porque as comunidades que se mantêm em 'guetos' não são comunidades de sucesso”, afirmou.