15 de julho de 2011

Língua: O português pode dar emprego "noutros lugares do mundo" – Instituto Camões

Lisboa, 15 jul (Lusa) – A língua portuguesa “está a explodir em muitas regiões do mundo”, abrindo “perspetivas de emprego”, se não em Portugal, “noutros lugares do mundo”, afirma a presidente do Instituto Camões (IC).

Ana Paula Laborinho fez estas declarações à Lusa, à margem do colóquio internacional “Percursos, trilhos e margens: receção e crítica das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa”, que termina hoje, no pólo de Lisboa do Centro de Estudos Sociais (CES), onde deixou um “apelo aos mais jovens” para aderirem às “formações em língua portuguesa”.

É preciso “agarrar” a oportunidade de a língua portuguesa estar “a explodir em muitas regiões do mundo”, defende. Após “um enorme decréscimo dos estudos nestes domínios”, há agora “perspetivas de emprego” nesta área, embora em Portugal não haja “tantos lugares”, frisa.

Assegurando que esta será uma aposta do IC, Ana Paula Laborinho reconhece, porém, que o dinheiro para o fazer “nunca é muito”. Já no campo das políticas, acredita que não haja grandes alterações com o novo Executivo PSD-CDS/PP, que manteve no Programa do Governo, assinala, a promoção da língua portuguesa, nomeadamente como ativo económico.

A responsável pelo IC considera que as literaturas estão atualmente num “ponto crítico”. “O espaço que era ocupado pelas literaturas há uns anos tem vindo a perder-se e isso é uma constatação em muitos países europeus”, nomeadamente “ao nível curricular”, concretiza.

A predominância das áreas técnicas “tem levado a uma fragilização das Humanidades” a nível “global”, refere. “São atualmente áreas menos escolhidas”, mas Ana Paula Laborinho, ela própria professora de Literatura, acredita que esta “crise das Humanidades” tem os dias contados.

“Acredito profundamente que momentos de crise como aqueles que vivemos fazem retomar o lugar das Humanidades, porque cada vez há mais apelos a que se pense, a que haja uma reflexão, a que se possa pensar o futuro a partir do passado”, explica. “Uma sociedade globalmente em crise precisa de se pensar e as Humanidades são esse espaço de pensamento”, sustenta.

Nos Estados Unidos, exemplifica, “já se começa a perceber que mesmo para as organizações técnicas as formações em Humanidades são mais-valias, pela sua visão transversal”, porque as organizações não sobreviverão “sem massa crítica” e “só com uma perspetiva estritamente técnica”.

O colóquio internacional sobre as literaturas africanas de língua portuguesa começou na quinta-feira e termina hoje, tendo proposto uma reflexão a académicos, editores (Caminho, Afrontamento e D. Quixote) e representantes de instituições culturais envolvidos na produção e divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa.

Entre os escritores presentes no colóquio estão a angolana Ana Paula Tavares e a guineense Odete Semedo. O escritor angolano José Luandino Vieira cancelou a sua vinda à última hora, por motivos de saúde.