12 de julho de 2011

Artesanato: Município avança com centro interpretativo e candidatura dos Tapetes de Arraiolos a Património Imaterial

Arraiolos, Évora, 12 jul (Lusa) - O município alentejano de Arraiolos já iniciou as obras do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, num investimento superior a 1,5 milhões de euros, e está a preparar uma candidatura da tapeçaria local a Património Imaterial da Humanidade.

Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Câmara de Arraiolos, Jerónimo Lóios, adiantou hoje que a autarquia vai começar a “fazer as diligências necessárias e a preparar um dossier” para candidatar o genuíno Tapete de Arraiolos a Património Imaterial da Humanidade.

O Tapete de Arraiolos é “um património cultural mundialmente conhecido” que “já justifica e merece ser reconhecido como Património Imaterial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)”, disse o autarca alentejano.

Já o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, cujas obras começaram no início deste mês, envolve um investimento superior a 1,5 milhões de euros, comparticipados por fundos comunitários, através do programa InAlentejo.

Para o presidente da autarquia, o novo espaço museológico, a instalar no edifício do antigo posto da GNR, em pleno centro histórico de Arraiolos, é “um projeto estruturante para o concelho”, que pretende “valorizar e salvaguardar o Tapete de Arraiolos”.

O centro vai apresentar a história do tapete e mostrar as “diversas fases de produção, desde a tosquia até ao produto final”, além de contar também com “demonstrações ao vivo”, para que “os visitantes possam ver como se faz o autêntico Tapete de Arraiolos”, revelou.

 
Enquanto decorrem as obras, que deverão durar no máximo dois anos, o município vai "pressionar as autoridades" para que seja concluído o processo de certificação do Tapete de Arraiolos, com a implementação da lei 7/2002.

 
“Há uma lei que foi aprovada em 2002 pela Assembleia da República que ainda não está regulamentada”, lamentou Jerónimo Lóios, adiantando que, nos próximos dias, o município vai solicitar uma audiência ao novo Governo para discutir o assunto.

 
“Queremos passos concretos para defender o Tapete de Arraiolos das falsificações e da concorrência desleal, que se acentua cada vez mais e que vem prejudicando os nossos tapetes, a economia local e nacional”, advertiu o autarca alentejano.

 
Do Tapete de Arraiolos, bordado a lã sobre tela, conhecem-se referências já desde os finais do século XVI (1598), com origem na vila alentejana com o mesmo nome, povoada no princípio do mesmo século por mouros e judeus, expulsos da mouraria de Lisboa por D. Manuel I.

Segundo investigações históricas, as famílias ali fixadas encontraram abundantes rebanhos de boa lã e diversidade de plantas indispensáveis ao tingimento e fabrico das telas onde são manufaturados os tapetes, empregando a técnica do ponto cruzado oblíquo, denominada “Bordado de Arraiolos”.

 
Os Tapetes de Arraiolos, uma das expressões mais genuínas do artesanato regional português, constituem a grande atração turística e são ainda uma das principais atividades económicas do concelho alentejano.