"Neste aspeto somos completamente dependentes, tributários, das decisões do Governo português. Se o Governo português decidir começar a publicar, a partir de determinada data no Diário da República, aplicando o novo Acordo Ortográfico nós seguiremos imediatamente e estamos preparados para isso", assegurou à Agência Lusa o chefe do Departamento de Língua Portuguesa da Direção Geral de Tradução do executivo comunitário.
Para Manuel de Oliveira Barata, o Português não é visto na capital da Bélgica como sendo uma língua exótica e, desde que em 2004 aderiram mais 10 países à União Europeia, a língua de Camões é mesmo "considerada como já antiga" nos corredores das instituições europeias.
O Departamento de Língua Portuguesa tem atualmente 61 tradutores, três linguistas e quatro gestores num universo de 1 500 funcionários da Direção Geral de Tradução.
"Se é complicado por um lado, por outro é uma questão de organização. A Comissão soube responder aos desafios das diferentes adesões através de um sistema de trabalho que funciona perfeitamente", sustentou Manuel de Oliveira Barata.
A legislação europeia, desenhada inicialmente em 1958, estabeleceu a paridade entre todas as línguas oficiais dos estados membros, considerando que os cidadãos têm direito a ter todos os documentos produzidos em Bruxelas traduzidos para o seu idioma.
Esta é a regra que é respeitada, apesar de o inglês se estar a pouco e pouco a tornar na língua de trabalho do dia a dia das instituições europeias.
Para Manuel de Oliveira Barata "é extremamente importante" que os principais destinatários das decisões das instituições europeias, a administração pública portuguesa, os operadores económicos nacionais e também os cidadãos, recebam todos os documentos da sua língua.