23 de março de 2010

Língua: Departamento de português da Comissão Europeia pronto para o Acordo Ortográfico

Bruxelas, 23 mar (Lusa) - O Departamento de Língua Portuguesa da Comissão Europeia, em Bruxelas, está pronto para começar a traduzir ao abrigo do novo Acordo Ortográfico todos os textos que produz diariamente, assim que as autoridades portuguesas tomem essa decisão.

"Neste aspeto somos completamente dependentes, tributários, das decisões do Governo português. Se o Governo português decidir começar a publicar, a partir de determinada data no Diário da República, aplicando o novo Acordo Ortográfico nós seguiremos imediatamente e estamos preparados para isso", assegurou à Agência Lusa o chefe do Departamento de Língua Portuguesa da Direção Geral de Tradução do executivo comunitário.

Para Manuel de Oliveira Barata, o Português não é visto na capital da Bélgica como sendo uma língua exótica e, desde que em 2004 aderiram mais 10 países à União Europeia, a língua de Camões é mesmo "considerada como já antiga" nos corredores das instituições europeias.

O Departamento de Língua Portuguesa tem atualmente 61 tradutores, três linguistas e quatro gestores num universo de 1 500 funcionários da Direção Geral de Tradução.

"Se é complicado por um lado, por outro é uma questão de organização. A Comissão soube responder aos desafios das diferentes adesões através de um sistema de trabalho que funciona perfeitamente", sustentou Manuel de Oliveira Barata.

A legislação europeia, desenhada inicialmente em 1958, estabeleceu a paridade entre todas as línguas oficiais dos estados membros, considerando que os cidadãos têm direito a ter todos os documentos produzidos em Bruxelas traduzidos para o seu idioma.

Esta é a regra que é respeitada, apesar de o inglês se estar a pouco e pouco a tornar na língua de trabalho do dia a dia das instituições europeias.

Para Manuel de Oliveira Barata "é extremamente importante" que os principais destinatários das decisões das instituições europeias, a administração pública portuguesa, os operadores económicos nacionais e também os cidadãos, recebam todos os documentos da sua língua.