26 de setembro de 2011

CPLP: Lexicógrafos preparam unificação do Vocabulário de Língua Portuguesa

Cidade da Praia, 26 set (Lusa) – Lexicógrafos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontram-se reunidos em Cabo Verde para definir a metodologia destinada a consolidar os dois vocabulários já existentes.

Em declarações à Agência Lusa, o diretor executivo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Gilvan Moller, indicou que o encontro visa também propor aos países que ainda não possuem o vocabulário, o programa para a criação deste instrumento, sendo esses os dois objetivos da reunião em que participam técnicos dos oito países que falam Português.

“Nesta reunião, vamos criar a metodologia para a consolidação dos dois vocabulários que já existem em Portugal e no Brasil num só, a partir de uma base informática comum e usando os mesmos critérios de incorporação das palavras”, explicou, antes do início da sessão de abertura do encontro que termina quarta-feira.

A consolidação dos dois vocabulários já existentes deverá estar pronto até à Cimeira de Maputo, prevista para julho de 2012.

“Vamos trabalhar com a perspetiva de uma metodologia para que possamos apresentar a primeira parte do vocabulário aos chefes de Estado na cimeira (da CPLP) de 2012. Além disso, será definido um programa para que os países interessados em criar o vocabulário próprio possam começar a trabalhar neste sentido”, disse.

“Também vamos propor aos países interessados, metodologias dos novos vocabulários que comecem a ser feitos, porque países como Cabo Verde, Guiné-Bissau ou Timor[-Leste] não têm o seu vocabulário. O cabo-verdiano usa, por exemplo, o de Portugal”, explicou.

“Vão-nos dizer que país pode começar imediatamente, qual vai demorar mais, mas só saberemos no final do encontro, quando cada país apresentar a sua visão”, acrescentou.

Para Gilvan Moller a existência de um vocabulário comum irá facilitar a aplicação do Acordo Ortográfico.

“Este vocabulário ortográfico está previsto no acordo de 1990 e a sua existência facilitará a aplicação do Acordo Ortográfico. É uma motivação para que os países que já ratificaram, mas que ainda não implementaram, possam desenvolver uma perspetiva de implementação a curto prazo, porque mostra que o acordo está consolidado, está implementado no Brasil e em implementação avançada Portugal”, garantiu.

Até ao momento, lembrou, faltam apenas as ratificações do acordo por parte de Angola e de Moçambique, países que estão presentes na reunião.

A representante angolana, Teresa da Costa, explicou à Lusa que, embora ainda não haja uma data para a ratificação, o país tem estado a preparar-se nesse sentido.

“Está previsto algum dia ratificar o acordo. Mas é uma questão de Estado e cabe ao Estado pronunciar-se sobre este assunto. Mas tudo indica que iremos lá chegar. Estamos na fase de estudos e levantamento do vocabulário, sobretudo o específico, que diz respeito ao país. Quando tivermos o trabalho de casa bem feito, se calhar o Estado irá pronunciar-se sobre a ratificação do Acordo Ortográfico”, disse.

Já em relação a Moçambique, que também ainda não ratificou o acordo, Inês Machungo, representante moçambicana, explicou que o país está a estudar a questão e a fazer o trabalho de divulgação.

“Há uma divulgação do acordo ortográfico a nível de todas as províncias do país para ver a aceitação e as dificuldades. Há já algumas questões levantadas, que deverão ser estudadas”, referiu.