Lisboa, 07 mai (Lusa) - "O Douro é um dos grandes 'terroirs' do mundo. Assim como a touriga franca e a touriga nacional estão entre as grandes castas do mundo", considerou à Lusa Bruno Prats, antigo dono do Château Cos d'Estournel, em Bordéus.
De acordo com o reputado enólogo francês, "a grande força do Douro em relação a Bordéus é o seu 'terroir', com cepas e estilo únicos, muito difíceis de transportar para fora da região".
Foi esta convicção, afirmou à Lusa, e a crença no "potencial" e "futuro" do Douro que o trouxe a Portugal, onde desenvolve uma parceria com a Symington Family Estates.
"Se pensarmos que o Douro começou a sua revolução vitivinícola há apenas dez anos, é incrível o que se conseguiu na região. Estamos apenas no começo", afirmou.
O enólogo francês esteve presente numa prova vertical para a imprensa especializada do Chryseia, um vinho que assina com Charles Symington no Douro desde a colheita de 2000, curiosamente a única que não foi dada a provar.
O evento decorreu na Quinta de Roriz, propriedade adquirida pela parceria Prats & Symington a João van Zeller na primavera do ano passado, que irá adquirir um papel central nos futuros vinhos do projeto luso-francês.Os responsáveis não revelaram o valor do investimento, mas Prats estimou à Lusa que o retorno previsto se situa nos 10 anos.
"Roriz é um grande 'terroir' histórico, com uma forte personalidade. Faz vinhos muito estruturados, com taninos de grande frescura. Se fizesse uma comparação com [a denominação bordalesa de] Medoc, diria que é muito Pauillac [município onde estão localizados os châteaux Lafite Rothshild, Mouton Rothshild ou Latour, por exemplo]", considerou Bruno Prats.
Para Prats, a compra da Quinta de Roriz "afirma o projeto Chryseia e dá-lhe uma dimensão importante. Corresponde totalmente à visão que tínhamos".
"Se não tivesse havido a crise não tínhamos tido a oportunidade de comprar Roriz. É o projeto que dá ao Chryseia a sua autonomia", acrescentou.
Bruno Prats desenvolve atualmente projetos na África do Sul, Chile, Espanha e Portugal, onde comprou com a família Symington, a Quinta de Roris e a Quinta da Perdiz, ambas em S. João da Pesqueira, no Douro, e de onde sairão as uvas para os vinhos Chryseia e Post Scriptum.
Em Roriz será ainda produzido o Prazo de Roriz, o rótulo de entrada de gama da parceria Prats & Symington, e em anos excecionais, o Quinta de Roriz, um reserva de topo que, garante o enólogo francês, "terá um perfil totalmente distinto do Chryseia".
Os Chryseia feitos até à data, com exceção das duas primeiras edições - 2000 e 2001 - centraram-se na composição de duas castas, touriga franca e touriga nacional, provenientes de três quintas principais, Quinta da Perdiz, Vila Velha e Quinta do Vesúvio. Consoante os anos, uma ou outra casta assumiram a predominância no lote, explicaram os enólogos do vinho durante a prova vertical.