Trabalho que encontrou factores de risco envolveu mais de 13 mil amostras de diferentes países e é publicado hoje na Nature Genetics.
Mais de cinco mil pessoas com a Doença de Parkinson e oito mil indivíduos saudáveis foram alvo de uma pesquisa a centenas de milhares de marcadores genéticos. O estudo de larga escala confirmou que alguns genes envolvidos nas formas familiares da doença têm um papel na forma mais comum e identificou novas regiões em cromossomas que também estão ligadas à forma esporádica desta doença. As variações genéticas encontradas em vários genes identificados são factores de risco para a forma mais comum da doença de Parkinson. Apesar de ser muito complicado quantificar, é possível afirmar que uma pessoa que possua variações em todos estes marcadores terá um risco de desenvolver a Doença de Parkinson na ordem dos 25 por cento.
O artigo - que conta com a participação do investigador português José Tomas Brás - é publicado hoje na Nature Genetics por uma equipa coordenada pelo Laboratório de Neurociências do Instituto Nacional de saúde dos EUA, com um trabalho semelhante realizado no Japão. Reúne-se, assim, na mesma revista o maior estudo genético sobre a Doença de Parkinson que permite cruzar dados entre a população asiática e caucasiana. No total, somando os dois trabalhos independentes, foram encontrados cinco genes. Porém, falar em SNCA (gene que codifica a alfa-sinucleina) MAPT (gene que codifica a tau), LRRK2 (gene que codifica a dardarina), ou PARK16 (nova região cromossómica no cromossoma 1 associada a doença) é o mesmo que nada. Estes foram os marcadores associados à Doença de Parkinson detectados no estudo que envolveu a população caucasiana, usando amostras da população norte-americana, alemã e britânica. Genes que antes tinham sido associados SNCA, LRRK2 e MAPT a formas raras da doença por mutações (SNCA, LRRK2 e MAPT), surgem agora também ligados às formas mais comuns de Parkinson.
Vamos então tentar responder à questão incontornável do “para que serve” este conhecimento genético. “Em termos de terapêutica estamos muito longe de isto poder ter uma aplicação. Em termos de abordagem da doença isto permite-nos dizer que genes que nós pensávamos estarem na origem de formas raras e familiares, afinal estão envolvidos nas formas comuns da doença, e as formas comuns são por definição as mais frequentes”, explica José Tomas Brás, investigador do Centro de Neurociências de Coimbra que se encontra nos EUA a fazer um doutoramento. É, diz, muito difícil quantificar o risco de vir a desenvolver a doença perante variações nestes marcadores. “Tentámos fazer isso mas é difícil. Varia de população para população. A totalidade destes marcadores pode aumentar o risco em 25 por cento. Mas trata-se de um número que tem de ser interpretado com muito cuidado. Diferentes populações vão ter diferentes riscos. Diferentes combinações destes marcadores vão ter diferentes riscos”.
No caso da PARK16, trata-se de uma nova região cromossómica encontrada no cromossoma 1 e que foi associada a doença nos dois estudos independentes. “É uma região onde existem vários genes que se mostra associada tanto na população asiática como na população caucasiana e que não descobrimos ainda qual é o gene que nesta região está a exercer o risco para a doença, é um dos passos seguintes que vamos ter”, refere Jose Tomas Brás. Por outro lado, as variações encontradas nos doentes no gene que codifica a tau (MAPT) não foram encontradas no estudo realizado no Japão.
O trabalho que contou com a participação do investigador português teve duas fases distintas e uma ajuda preciosa das mais modernas técnicas de estudo de associação de genoma completo. “O que podemos utilizar agora, os chamados chips de DNA, permitem de uma só vez olhar para um numero enorme de marcadores no genoma. No nosso caso, inicialmente testámos para cada amostra cerca de 550 mil marcadores distribuídos pelo genoma. Após um controlo de qualidade ficaram só cerca de 400 mil”.
Primeiro foram testados 1700 doentes e cerca de quatro mil controlos e procuraram-se aqui sinais de associação. Quais os marcadores associados à doença. Mais do que a cerca de dezena de genes que já se sabia estarem ligados à doença, os investigadores quiseram testar tudo. A segunda etapa do estudo envolveu um grupo maior de doentes e controlos mas, desta vez, apertou-se a malha do filtro e apenas foram testados os 384 melhores marcadores encontrados.
Se se tratam de marcadores que todos temos, o que faz com que a doença se desencadeie numa pessoa e não noutra? “Não sabemos ainda. Será um dos passos seguintes”. Depois de descobertas estas regiões associadas à doença é preciso ver quais são as variantes nos genes – podem ser mutações se forem raras - que causam este risco e estudar o papel das proteínas. “Para já, isto são marcadores que todos nós temos, os dois alelos de cada um, toda a gente tem as várias combinações. Eles aparecem é mais nos doentes do que nos controlos”, diz concluindo: “O que sabemos é que estes marcadores estão associados à doença. Não fazemos ideia como. Não sabemos como exercem o seu efeito”. Isso ainda está para vir.
Mais de cinco mil pessoas com a Doença de Parkinson e oito mil indivíduos saudáveis foram alvo de uma pesquisa a centenas de milhares de marcadores genéticos. O estudo de larga escala confirmou que alguns genes envolvidos nas formas familiares da doença têm um papel na forma mais comum e identificou novas regiões em cromossomas que também estão ligadas à forma esporádica desta doença. As variações genéticas encontradas em vários genes identificados são factores de risco para a forma mais comum da doença de Parkinson. Apesar de ser muito complicado quantificar, é possível afirmar que uma pessoa que possua variações em todos estes marcadores terá um risco de desenvolver a Doença de Parkinson na ordem dos 25 por cento.
O artigo - que conta com a participação do investigador português José Tomas Brás - é publicado hoje na Nature Genetics por uma equipa coordenada pelo Laboratório de Neurociências do Instituto Nacional de saúde dos EUA, com um trabalho semelhante realizado no Japão. Reúne-se, assim, na mesma revista o maior estudo genético sobre a Doença de Parkinson que permite cruzar dados entre a população asiática e caucasiana. No total, somando os dois trabalhos independentes, foram encontrados cinco genes. Porém, falar em SNCA (gene que codifica a alfa-sinucleina) MAPT (gene que codifica a tau), LRRK2 (gene que codifica a dardarina), ou PARK16 (nova região cromossómica no cromossoma 1 associada a doença) é o mesmo que nada. Estes foram os marcadores associados à Doença de Parkinson detectados no estudo que envolveu a população caucasiana, usando amostras da população norte-americana, alemã e britânica. Genes que antes tinham sido associados SNCA, LRRK2 e MAPT a formas raras da doença por mutações (SNCA, LRRK2 e MAPT), surgem agora também ligados às formas mais comuns de Parkinson.
Vamos então tentar responder à questão incontornável do “para que serve” este conhecimento genético. “Em termos de terapêutica estamos muito longe de isto poder ter uma aplicação. Em termos de abordagem da doença isto permite-nos dizer que genes que nós pensávamos estarem na origem de formas raras e familiares, afinal estão envolvidos nas formas comuns da doença, e as formas comuns são por definição as mais frequentes”, explica José Tomas Brás, investigador do Centro de Neurociências de Coimbra que se encontra nos EUA a fazer um doutoramento. É, diz, muito difícil quantificar o risco de vir a desenvolver a doença perante variações nestes marcadores. “Tentámos fazer isso mas é difícil. Varia de população para população. A totalidade destes marcadores pode aumentar o risco em 25 por cento. Mas trata-se de um número que tem de ser interpretado com muito cuidado. Diferentes populações vão ter diferentes riscos. Diferentes combinações destes marcadores vão ter diferentes riscos”.
No caso da PARK16, trata-se de uma nova região cromossómica encontrada no cromossoma 1 e que foi associada a doença nos dois estudos independentes. “É uma região onde existem vários genes que se mostra associada tanto na população asiática como na população caucasiana e que não descobrimos ainda qual é o gene que nesta região está a exercer o risco para a doença, é um dos passos seguintes que vamos ter”, refere Jose Tomas Brás. Por outro lado, as variações encontradas nos doentes no gene que codifica a tau (MAPT) não foram encontradas no estudo realizado no Japão.
O trabalho que contou com a participação do investigador português teve duas fases distintas e uma ajuda preciosa das mais modernas técnicas de estudo de associação de genoma completo. “O que podemos utilizar agora, os chamados chips de DNA, permitem de uma só vez olhar para um numero enorme de marcadores no genoma. No nosso caso, inicialmente testámos para cada amostra cerca de 550 mil marcadores distribuídos pelo genoma. Após um controlo de qualidade ficaram só cerca de 400 mil”.
Primeiro foram testados 1700 doentes e cerca de quatro mil controlos e procuraram-se aqui sinais de associação. Quais os marcadores associados à doença. Mais do que a cerca de dezena de genes que já se sabia estarem ligados à doença, os investigadores quiseram testar tudo. A segunda etapa do estudo envolveu um grupo maior de doentes e controlos mas, desta vez, apertou-se a malha do filtro e apenas foram testados os 384 melhores marcadores encontrados.
Se se tratam de marcadores que todos temos, o que faz com que a doença se desencadeie numa pessoa e não noutra? “Não sabemos ainda. Será um dos passos seguintes”. Depois de descobertas estas regiões associadas à doença é preciso ver quais são as variantes nos genes – podem ser mutações se forem raras - que causam este risco e estudar o papel das proteínas. “Para já, isto são marcadores que todos nós temos, os dois alelos de cada um, toda a gente tem as várias combinações. Eles aparecem é mais nos doentes do que nos controlos”, diz concluindo: “O que sabemos é que estes marcadores estão associados à doença. Não fazemos ideia como. Não sabemos como exercem o seu efeito”. Isso ainda está para vir.